Economia

IRB Brasil Re lucra R$ 342 milhões no primeiro semestre

Prestes a abrir capital, o ressegurador IRB Brasil RE anunciou lucro líquido de R$ 342 milhões na primeira metade do ano, montante 33% maior que o visto no mesmo intervalo de 2014, de R$ 257 milhões. Os prêmios emitidos líquidos de resseguro foram a R$ 1,760 bilhão no período, crescimento de quase 85%, na mesma base de comparação.

“No Brasil, os destaques foram as linhas de property (patrimônio), rural, petróleo e gás, garantia e habitacional, respondendo por 69% dos prêmios. No exterior, property e vida são destaques e respondem por 50% da carteira”, diz o IRB, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras.

O balanço do ressegurador, publicado nesta sexta-feira, 7, é assinado ainda por Leonardo Paixão, atual presidente do IRB. O conselho de administração da companhia se reúne hoje, conforme antecipou o Broadcast, para decidir a saída do executivo do cargo. Após cinco anos no comando da instituição, ele deve passar o bastão para o vice-presidente de resseguros do IRB, José Carlos Cardoso, que foi trazido por Paixão há cerca de um ano.

O ressegurador encerrou junho com R$ 13,501 bilhões em ativos totais, leve retração de 0,2% ante mesmo período do ano passado, de R$ 13,526 bilhões. Seu patrimônio líquido foi a R$ 2,944 bilhões, também com suave recuo de 0,3% em 12 meses.

No primeiro semestre, o IRB teve sinistros relevantes, conforme destaca em relatório, nas áreas de proterty, aviação e agricultura. Tais eventos fizeram com que sua sinistralidade aumentasse 14% no período ante um ano. Os sinistros ocorridos cresceram 37,8%, para R$ 919,4 milhões.

Apesar de maior sinistralidade, o IRB entregou um resultado financeiro bem superior. Com o aumento dos juros, que beneficiam as companhias do setor já que investem suas reservas, o ressegurador registrou cifra de R$ 424,4 milhões de janeiro a junho, 121,9% acima do visto em um ano.

A carteira de investimentos do IRB fechou o primeiro semestre em R$ 5,8 bilhões, com rentabilidade de 7,65%, acima do retorno de 0,73% em janeiro. O ressegurador explica que entre fevereiro e abril iniciou uma estratégia de redução de alocação em renda variável, mais arriscada, e elevou sua aposta em títulos indexados à inflação. “Trais ações demonstraram-se acertadas e contribuíram para que a carteira de investimentos atingisse rentabilidade nominal de 149% do CDI no período”, acrescenta a companhia.

O IRB encerrou junho com participação de mercado de 34%, sendo 45% entre as resseguradoras locais. De acordo com o ressegurador, o mercado deve crescer 7% este ano a despeito dos ajustes da economia, que estão impactando os grandes projetos, e a pressão nas taxas em meio à alta competitividade no mercado. O Brasil conta com 125 resseguradores, sendo 16 locais (com escritório no País), 35 admitidas (com sede no exterior, mas com escritório de representação no País) e 74 eventuais (sem escritório de representação).

IPO

Com a saída de Paixão, o IPO será tocado por Cardoso. O executivo tem passagens pela Scor Brasil, Munich Re, Odebrecht Corretora, Aon e Unibanco.

Paixão comandou a reestruturação do IRB em um momento que perdia mercado em meio à abertura do resseguro e que culminou em sua privatização, colocando Bradesco, Banco do Brasil e Itaú no controle. Antes, atuou na Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda e no Ministério da Previdência Social. Pesou para sua saída, de acordo com fontes, dentre outros motivos, a falta de consenso junto aos acionistas em torno da remuneração que o executivo teria para tocar a abertura de capital do IRB. Um executivo de banco de investimento explica que o processo do IPO (oferta pública inicial de ações) é muito exaustivo e exige bastante das pessoas envolvidas como participação nos road shows (apresentações ao mercado) fora o fato de ter de tocar uma empresa listada em bolsa e exposta a investidores locais e internacionais.

Para algumas fontes de mercado ouvidas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência estado, a troca de comando não deve influenciar no IPO. O registro para a abertura de capital do ressegurador junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é esperado para breve. A oferta deve ocorrer terceiro trimestre e contemplar 40% de suas ações em um total de quase R$ 3,5 bilhões. A união e os acionistas Bradesco, Itaú Unibanco, BB Seguridade e o fundo de investimento de Participações da Caixa, o FIP Barcelona, devem se desfazer de papéis.

A abertura de capital do IRB, fundado em 1939 e que por 70 anos teve o monopólio do mercado, é o último passo do seu processo de privatização. O IPO foi aprovado pelo conselho de desestatização da companhia e deveria ocorrer até 2018.

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