Citadas nas notícias de desvio de recursos no governo fluminense de Sérgio Cabral (PMDB), as joalherias do Rio de Janeiro tentam descolar a imagem do setor das ideias de luxo e “ganância desmedida”, termo usado pelo juiz Sergio Moro para qualificar e condenar o ex-governador. As crises política e econômica derrubaram as grandes redes, que, como reação, continuam demitindo. Mas o saldo do setor é de recuperação, ao registrar crescimento de 8,6% no primeiro trimestre e avanço nas vendas no dia dos namorados em relação ao dia das mães. Os dados são da Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio (Ajo-Rio).
“A população ficou com a imagem errada de que as joias foram usadas por Cabral para lavar dinheiro. Mas isso não faz sentido, porque ele pedia para não receber notas fiscais. Como lavar dinheiro sem nota fiscal?”, contesta Carla Pinheiro, presidente da Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio (Ajo-Rio).
Ela diz que gostaria de ter uma “ideia mágica” para que, em vez de a população relacionar as joias a desperdício e corrupção, voltassem a vê-las como um objeto usado para marcar datas comemorativas, capaz de passar de geração para geração. “Anéis já foram sinônimo de fidelidade”, lembra Carla.
No ano passado, o setor de joias, no Rio, caiu 8%, em comparação com o ano anterior. Mas, já nos primeiros três meses deste ano, cresceu mais do que isso. Ainda assim, diz Carla, a recuperação é temerária, por causa das incertezas políticas que afetaram a economia, após as denúncias feitas por um dos sócios do frigorífico JBS, Joesley Batista, contra o presidente Michel Temer.
O Rio de Janeiro conta com 3,3 mil joalherias, entre elas grandes empresas, de porte multinacional, como a H.Stern. A maioria, no entanto, está localizada na Baixada Fluminense. São 1,7 mil lojas, frente a 500 instaladas na zona sul carioca. No total, o setor, no Estado do Rio, movimenta R$ 1,5 bilhão por ano e emprega 16 mil pessoas.