Os rendimentos dos títulos públicos dos Estados Unidos não adotaram direção única nesta terça-feira, 9, em um novo pregão marcado pela espera por comentários do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, sobre os rumos da política monetária no país. Enquanto isso, o spread entre os juros dos títulos de dez anos e de três meses continuou negativo à medida que medidas que apontam para uma recessão econômica nos EUA ganharam fôlego.
Próximo ao horário de fechamento dos negócios à vista em Nova York, o juro da T-note de dois anos subia para 1,912%; o retorno da T-note de dez anos saltava para 2,060%; e o yield do T-bond de 30 anos avançava para 2,536%. Já o spread entre os rendimentos dos títulos de dez anos e de três meses chegava ao fim da tarde em -18,5 pontos-base, o que indica continuidade da inversão parcial da curva de juros.
Powell até discursou nesta terça-feira, mas seus comentários foram restritos aos testes de estresse feitos pelo Fed. O dirigente defendeu os testes como um instrumento para continuar a fomentar um “sistema bancário dinâmico” e a estabilidade financeira, além de uma economia “saudável e que cresce”. Ele, contudo, não teceu comentários sobre suas visões para a política monetária americana ou para a economia dos EUA, o que deve ser feito amanhã, diante do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes dos EUA.
Enquanto esperaram por Powell, os investidores até observaram outros comentários de dirigentes do Fed, mas não chegaram a mudar a estratégia para o dia. O presidente da distrital da Filadélfia do Fed, Patrick Harker, foi o que mais falou sobre política monetária, ao se dizer contrário a um movimento nas taxas de juros neste momento. Para ele, apesar do aumento dos riscos à atividade, a economia americana continua sólida e o mercado de trabalho está “muito forte” no país. Harker, contudo, não tem direito a voto nas reuniões deste ano.
Apesar da solidez que o dirigente observa na economia dos EUA, dois modelos financeiros diferentes usados pelas unidades de Nova York e de Cleveland do Fed mostram que a possibilidade de uma recessão nos próximos 12 meses ganhou força e está nos maiores níveis desde 2007. A probabilidade aumentou à medida que o retorno da T-note de dez anos renovou sucessivas mínimas nas últimas semanas, embora tenha se recuperado nos dois últimos pregões.
Para analistas, contudo, possíveis cortes nos juros devem fazer pouco para estimular o crescimento econômico além do que já está sendo feito pelos rendimentos dos Treasuries. “O Fed provavelmente não conseguirá reduzir os juros de uma maneira que impeça uma recessão”, apontou a diretora de investimentos da Morgan Stanley Wealth Management, Lisa Shalett. Como exemplo, ela citou o ritmo de construção de novas moradias nos EUA, que tem perdido força desde maio, de acordo com o Departamento do Comércio, mesmo após um recuo nas taxas médias da hipotecas de 4,52% há um ano para 3,75%, de acordo com a Freddie Mac.