Os juros futuros deram sequência ao movimento da véspera e fecharam em alta nesta quarta-feira, 8, mais forte nos vencimentos longos, com o aumento da cautela no cenários externo e doméstico. A disparada do rendimento dos Treasuries, a maior pressão no câmbio, o crescimento das preocupações com a reforma da Previdência e correção de posições mais ousadas feitas com base na aposta de aceleração do ciclo de queda da Selic justificaram a redução de posições vendidas em juros.
No fim da sessão regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 tinha taxa de 10,240%, de 10,220% no ajuste de terça. A taxa do DI para janeiro de 2019 subiu de 9,70% para 9,74% e a do DI janeiro de 2021, de 10,01% para 10,12%.
As taxas futuras já subiam pela manhã, guiadas pelo cenário externo, onde o destaque foi o relatório da ADP nos EUA, que mostrou criação de 298 mil vagas em fevereiro, bem acima da previsão de 188 mil. Além disso, o dado de janeiro passou por revisão, de 246 mil para 261 mil. Os números sinalizam para um payroll (dado mais amplo de emprego dos EUA) forte a ser divulgado na próxima sexta-feira, o que traz alerta para a percepção sobre o ciclo de aperto monetário norte-americano.
O relatório impulsionou o yield dos Treasuries, com a taxa do papel de dez anos nivelada bem acima dos 2,50%. Às 16h26, estava em 2,547%. O relatório também pesou a favor do dólar ante as demais moedas, incluindo o real, que rompeu os R$ 3,15, negociado no horário acima em R$ 3,1620 (+1,39%).
Os dados da produção industrial de janeiro, publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) antes da abertura, vieram relativamente dentro do esperado e confirmaram sinais de melhora no ritmo de atividade, o que joga contra a aposta de queda mais forte da Selic, de 1 ponto, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em abril.
Em janeiro, a produção caiu 0,1% ante dezembro, exatamente em linha com a mediana das estimativas da pesquisa do Projeções Broadcast, e subiu 1,4% ante janeiro de 2016, interrompendo uma sequência de 34 meses consecutivos de quedas. O número veio melhor do que a mediana das previsões, de alta de 1,10%.
Ainda pela manhã, em entrevista ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reiterou que a visão do cenário básico do BC prescreve uma antecipação do ciclo de flexibilização monetária, mas isso não significa que vai manter o mesmo grau de antecipação. “Quando houve uma decisão de aceleração do ritmo no Copom anterior, já houve essa ideia de antecipar. Isso não significa que vamos manter o mesmo grau de antecipação. Vamos decidir se esse grau de antecipação vai ser maior ou menor”, disse.
Por fim, o mercado já enxerga alguns riscos na discussão da reforma da Previdência, como a possibilidade de desfiguração do texto no Congresso e atraso no cronograma da votação. “Se a reforma da Previdência não for aprovada, não será o caos imediato, mas será insustentável”, afirmou nesta quarta o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.