A Mercedes-Benz, maior fabricante de veículos comerciais do País, disse nesta sexta-feira, 19, que pode comprometer os investimentos planejados para o futuro se não conseguir reduzir custos de operação e administração da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Após o ministro do Trabalho e Emprego, Ronaldo Nogueira, criticar nesta sexta-feira o envio de telegramas pela empresa para comunicar demissões de operários do parque industrial, a companhia afirmou que, consciente de sua responsabilidade social, esgotou todas as possibilidades viáveis para manter o nível de emprego nos últimos anos – entre medidas como licença remunerada, suspensão temporária de contratos de trabalho (lay-off) e a adoção do programa de proteção ao emprego, o PPE.
“A difícil situação do mercado brasileiro resultou para a companhia em uma redução de suas receitas. Inevitavelmente, com isso, é imprescindível também reduzir os custos de operação e administração na fábrica de São Bernardo do Campo”, disse a Mercedes, em nota, onde acrescentou que informou com frequência seus empregados sobre a gravidade da situação. “Em função disso, é necessário entender que esse cenário extremamente negativo vai afetar a todos os colaboradores”, completou a fabricante de caminhões e ônibus.
Desde segunda-feira (15), toda fábrica da Mercedes em São Bernardo – onde são produzidos também motores, câmbios e eixos – está parada por causa da licença remunerada concedida aos operários. Não há previsão de quando a unidade volte a operar.
Nesta sexta, o presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, lamentou a falta de avanços nas negociações e criticou a postura da multinacional nas negociações, citando informações obtidas pela entidade de que a administração da matriz na Alemanha estaria colocando obstáculos a um acordo.
O sindicato tem mobilizado os trabalhadores em manifestações contra os cortes na fábrica, sendo a próxima marcada para segunda-feira (22), às 10h.
A empresa calcula em aproximadamente 1,9 mil empregados a força de trabalho excedente em São Bernardo – o que corresponde a cerca de 20% do total empregado no local -, já descontando 630 funcionários que deixaram a Mercedes no último programa de demissões voluntária.