O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Mauro Borges, reconheceu nesta quinta-feira, 20, a crise enfrentada pelo setor produtivo e indicou que o setor precisa ser recuperado para garantir a retomada do crescimento econômico do País. “Este é um momento particularmente relevante, porque é um momento em que a indústria brasileira encontra-se em uma situação desafiadora e preocupante”, afirmou.
Apesar do tom de autocrítica, o ministro disse haver uma “falsa discussão preocupante” sobre os rumos que a economia deve tomar, com risco de “voltar para o ciclo de exclusão social” anterior ao governo do PT. “Não queremos voltar ao modelo de exclusão social, concentrada numa fixa da população com renda”, disse.
Borges participa nesta manhã do lançamento do primeiro volume do livro Produtividade no Brasil – Desempenho e Determinantes, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com um diagnóstico da indústria a partir da década de 1960 até 2013. “Todos os dados de indicadores que olhamos mostram que, se a indústria não enfrentar desafios de competitividade, ela vai ter grandes desafios no mundo e sem uma indústria forte não vamos conseguir iniciar uma nova fase de crescimento no Brasil”, considerou.
O ministro avaliou que a fase de crescimento liderada pelo consumo de massa, agora, precisa ceder lugar a um modelo no qual a produtividade industrial esteja no centro da política econômica. “A taxa de participação (do consumo) foi uma importante fonte de crescimento e, com esse nível de emprego hoje, mesmo com a taxa de desalento, ela não será uma fonte de um ciclo de crescimento para a economia brasileira”, observou.
Borges apontou que a melhora no nível de produtividade da indústria é “medíocre” no País, com nível de cerca de um quarto em relação às “economias que lideram o crescimento mundial”. “Uma manutenção do modelo de crescimento requer que as fontes de crescimento mudem de qualidade e, ao meu modo de ver, é a produtividade e investimento em infraestrutura (as novas matrizes)”, afirmou.
Apesar da sinalização de que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tenha iniciado uma fase de “reaprendizado” em projetos de infraestrutura e conduzido a retomada dos investimentos para vencer o “gargalo do custo Brasil”, os projetos em execução são ruins. “Os projetos são de má qualidade e orçamento não reflete o que é o valor desses projetos e aí temos um ciclo viciado de projetos ruins, com órgãos de controles embargando obras”, disse.