Estadão

Minério e PIB do Brasil estimulam alta do Ibovespa, mas NY limita

A queda das bolsas em Nova York limita alta do Ibovespa nesta quinta-feira, 1º de junho, na esteira do crescimento acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do primeiro trimestre e da valorização de 5,77% do minério de ferro em Dalian. Na quarta, o Índice Bovespa fechou com queda de 0,58%, aos 108.335,07 pontos, mas subiu 3,74% em maio. Às 11h26 desta quinta, o Ibovespa tinha elevação 0,33%, aos 108.696,27 pontos, após máxima intradia dos 109.013,23 pontos, quando subiu 0,63%.

O crescimento acima do esperado do PIB do Brasil nos três primeiros meses do ano – acima do esperado – estimula ganhos de algumas ações ligadas ao consumo e de bancos na B3. Houve crescimento do PIB de 1,9% no período ante o quarto trimestre de 2022, ficando acima da mediana de 1,2% na pesquisa Projeções Broadcast (0,4% a 2,4%). Ante o primeiro trimestre do ano passado, a economia cresceu 4,0% (estimativas de 0,9% a 4,3%, com mediana em 3,1%).

Segundo Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, o mercado deve reagir de forma positiva, especialmente a Bolsa, visto que sofreu ajuste negativo nos últimos dias. Além disso, acrescenta, uma expectativa de crescimento maior atrai investimento para Brasil. "Hoje temos commodities para cima que também devem atrair capital financeiro de estrangeiros refletindo no dólar", avalia Velloni.

"Aqui, o PIB surpreendeu e isso está resvalando na Bolsa, há melhora de sentimento. Só que o driver não é só o que se refere a Brasil. A definição de juros nos Estados Unidos é o que determina a liquidez", diz Dennis Esteves, sócio e especialista em investimentos da Blue3 Investimentos. Ontem, alguns dirigentes indicaram que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) pode não elevar taxas na reunião de junho.

Ainda segue no radar dos investidores a aprovação, na Câmara, a Medida Provisória (MP) que reestrutura a Esplanada dos Ministérios. Foram 337 votos favoráveis, 125 contrários e uma abstenção. "A aprovação da MP que reestrutura os ministérios não altera a percepção de dificuldades na articulação do governo, mas ameniza tensões mais iminentes", avalia o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.

Além da influências das commodities, as ações da Vale e da Petrobras devem ficar no centro das atenções por conta de noticias ligadas às empresas. A mineradora, em conjunto com outras companhias do segmento e credores, chegou a um acordo vinculante, que estabelece os parâmetros da reestruturação da dívida da Samarco.

Já o Conselho de Administração da Petrobras aprovou nesta quinta a revisão dos elementos estratégicos para o Plano Estratégico 2024-2028 (PE 2024-28), focando em um "um futuro mais sustentável, na busca por uma transição energética justa e segura no País.

Em relação às notícias divulgadas nos meios de comunicação, a estatal confirma que se reuniu com executivos do fundo Apollo e da Adnoc, ocasião em que foi discutida a posição da Petrobras no setor petroquímico brasileiro, que está no momento em processo de análise no âmbito da elaboração do seu Plano Estratégico 2024-28.

No exterior, os investidores se dividem entre a aprovação pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos do projeto do teto da dívida e dados fortes do mercado de trabalho do país, o que tende a reforçar expectativas de nova alta dos juros nos EUA. Ao mesmo tempo, números de atividades conflitantes na China sugerem certa cautela.

No setor privado norte-americano, houve a geração de 278 mil empregos em maio, ante projeção de 162 mil vagas, conforme a pesquisa ADP. Já do outro lado do planeta, o S&P Global/Caixin indicou que o setor industrial voltou a se expandir em maio. O resultado vem um dia após o PMI oficial da indústria chinesa apontar para retração.

"Depois da aprovação do texto sobre o teto da dívida dos Estados Unidos, o fantasma do calote começa a sair do radar. Só que o aumento para quase o dobro nas vagas pela ADP tira um pouco o fôlego do mercado, gerando insegurança nos mercados em relação às apostas para os juros americanos", avalia Esteves, da Blue3.

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