Economia

MMX deve entrar com pedido de recuperação judicial

A MMX, mineradora de Eike Batista, vai entrar com pedido de recuperação judicial na Justiça de Minas Gerais. É a terceira empresa do antigo império X a pedir proteção para reorganizar seu passivo, seguindo os passos da petroleira OGX e do estaleiro OSX. A companhia tentou costurar a venda de ativos para evitar a medida, mas a combinação da queda livre do preço do minério de ferro e embargos ambientais tornaram a decisão inadiável.

O jornal “O Estado de S. Paulo” apurou que o pedido será feito pela MMX Sudeste Mineração, subsidiária sob a qual fica a Unidade de Serra Azul (MG), onde estão as minas Tico-Tico e Ipê. A dívida sujeita à recuperação é de R$ 370 milhões, o que inclui serviços já executados por fornecedores.

A MMX Mineração Metálicos S.A., controlada por Eike e que engloba todos os ativos do grupo, fica de fora, assim como uma parte da dívida, ainda em discussão. Ao final do primeiro trimestre, a holding tinha uma dívida de R$ 966 milhões, dos quais R$ 718 milhões com fornecedores.

O advogado Sergio Bermudes afirmou que a documentação já está pronta e deverá ser entregue nesta quinta-feira, 16, à Justiça. “A MMX é uma empresa saudável, que vive um contratempo por conta da situação do grupo X. Mas tem plena condição de se recuperar”, disse o advogado, que também trabalha no processo de recuperação judicial da OGX.

A situação crítica levou a MMX a demitir nos últimos dias 200 dos 420 trabalhadores do setor operacional do complexo de minas de Serra Azul, de acordo com o sindicato Metabase de Brumadinho (MG). Ao todo, são 550 funcionários na unidade, considerando também o pessoal ligado à manutenção e setor administrativo. A MMX não comenta as demissões.

O sindicato quer o cancelamento das demissões e no dia 21 terá uma reunião na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas para tratar do caso. De acordo com o presidente do sindicato, Agostinho José de Sales, a companhia irá reduzir de quatro para dois o número de turnos, todos de seis horas, nas minas da região. “Temos a informação de que a MMX não tem caixa para manter os funcionários e as demissões podem aumentar nos próximos dias”, afirmou.

A unidade de produção de minério de ferro está com suas atividades suspensas desde setembro. Na segunda-feira, a MMX informou que manterá a paralisação por tempo indeterminado “a fim de otimizar recursos e adequar custos frente ao cenário de reposicionamento estratégico em que a companhia se encontra”.

Os problemas operacionais da MMX começaram em fevereiro, quando a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) embargou a mina Tico-Tico, uma das unidades que formam o projeto Serra Azul. O órgão alega que a mineração no local tem danificado cavernas de relevância ambiental da área.

A empresa esperava reverter o embargo e voltar a operar em Serra Azul no início do mês. No entanto, a Semad só dará o sinal verde à operação depois que estudos para adequação da área de proteção forem analisados. A MMX entregou a documentação na semana passada, mas a secretaria pediu mais informações.

Ativos

Entre os ativos que a mineradora tentou negociar com a ajuda da consultoria Angra Partners nos últimos meses estão as minas de Serra Azul, direitos minerários da unidade de Bom Sucesso, também em Minas, e 35% de participação remanescente no Porto Sudeste, localizado em Itaguaí (RJ).

As negociações da fatia no porto estavam avançadas, mas não foram fechadas a tempo de evitar o pedido de recuperação judicial. Em fevereiro, a companhia vendeu o controle e 65% da fatia para o consórcio Trafigura/Mubadala. Ontem, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) autorizou o início da operação parcial do Porto Sudeste. A expectativa é que o primeiro embarque ocorra ainda este ano, o que traria uma receita adicional à MMX.

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