Cidades

O comando é delas

A percepção sobre a mulher, sua presença no mercado de trabalho e contribuição à economia e à política do país tem mudado radicalmente nos últimos anos.


 O rótulo de que elas representam o sexo frágil e de que o destino comum a elas é somente a administração do lar já foi completamente desfeito. A realidade é que hoje a mulher participa ativamente dos negócios, da economia, da política e de tantos outros segmentos outrora dominados pelos homens. Pesquisas revelam que, dispostas a mostrar seu potencial, elas ganham cada vez mais espaço – em alguns setores até mesmo se transformando em maioria.


Um levantamento recente comprova a nova realidade. Dados do GEM (Global Entrepreneurship Monitor), estudo do Sebrae e do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), mostram que o número de mulheres donas de empreendimentos iniciais (com até 42 meses de criação) pela primeira vez supera o de homens. Os negócios encabeçados pelo sexo feminino passaram de 43,8% em 2006 para 52,4% no ano passado. São 7,7 milhões de mulheres à frente dos negócios, dando ao Brasil a sétima colocação no ranking do empreendedorismo feminino mundial.


A pesquisa também mostra o principal motivo para o ingresso feminino no mundo dos negócios. Para 63% das empreendedoras, a ignição foi a necessidade de sustento, não a oportunidade oferecida pelo mercado. Por ter que conciliar o emprego com o acompanhamento dos filhos e os afazeres domésticos, a mulher opta por abrir um negócio próprio, ao invés de se candidatar a uma vaga de emprego.


A informação, porém, não se traduz em falta de projeção ou insucesso no empreendimento. Ao contrário, são muitas as que têm êxito nessa empreitada e ocupam postos tidos antes como exclusivamente masculinos.


Um setor, em especial, o de carros blindados, mostra as mudanças em andamento. De acordo com a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), em 2006 as mulheres representavam 34% dos usuários de veículos blindados. O número é crescente e é constituído por empresárias que, por medo da violência urbana, recorrem a esse tipo de proteção. É formado também por aquelas que, por ocupar cargo de direção no alto escalão de grandes empresas, têm como benefício um carro blindado disponível. Por isso, as pesquisas da Abrablin apontam que elas já são parte importante do universo de usuários de blindados.


Outros setores se abrem ao potencial feminino. Na política, elas chefiam pastas importantes como a da Casa Civil, Turismo e Meio Ambiente. No cenário internacional, pode-se citar as presidentes da Argentina e do Chile e a pré-candidata democrata Hilary Clinton nos EUA. Isso sem contar outros inúmeros cargos que as mulheres ocupam no Senado, na Câmara dos Deputados e em diversos órgãos governamentais.


Os exemplos e números comprovam a ascensão feminina. Elas nos mostram que de frágil nada têm. Conseguem se dedicar igualmente às diferentes jornadas pelas quais são responsáveis com qualidade e muita competência, cuidando do lar e da família, criando e desenvolvendo novos negócios e ajudando no progresso do país.


*Milton Dallari é diretor administrativo e financeiro do Sebrae-SP e presidente da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp.

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