Estadão

Odair Hellmann evita falar sobre reforços no Santos: ‘Preciso acreditar no grupo’

Entre vaias e xingamentos durante o empate por 0 a 0 do Santos com o Água Santa na Vila Belmiro, na noite de quarta-feira, torcedores santistas clamaram por reforços cantando a frase "Queremos jogador", mas o pedido em forma de pressão não deve ter uma resposta imediata. Depois do jogo, o técnico Odair Hellmann afirmou que, embora converse todo dia sobre o assunto com o coordenador esportivo Paulo Roberto Falcão e com o presidente Andres Rueda, prefere confiar no elenco que tem em mãos.

"Sobre jogadores, eu não falo publicamente. Porque gera uma situação de expectativa, de sobre preço, desce preço. Tudo o que eu tenho de falar é internamente, falo com o Falcão, com o presidente. Meus melhores guerreiros são os que eu tenho aqui dentro. Cobro o que tem de evoluir coletivamente e individualmente, mas são os caras que vão entrar em campo sábado. Da outra parte, a gente conversa todos os dias sobre isso, a gente tem que ver se tem condições financeiras, situação de mercado, possibilidade de inscrição", disse o treinador.

"Preciso acreditar no grupo, vou dar força para os caras, estou dando oportunidade a todos para a gente construir uma equipe. Eu não poderia nem responder diferente, porque aí o presidente teria que me mandar embora amanhã, não posso vestir a camisa do Santos. Se eu desistir no quarto jogo… eu sou o último a pular do navio, eu sou o comandante, estou forte, firme e confiante. Precisamos buscar situações de melhora, mas eu acredito", concluiu.

O Santos contratou, ainda em dezembro, o atacante Mendoza, o volante Dodi, o lateral-direito João Lucas, o zagueiro Messias e o velho conhecido goleiro Vladimir. Mendoza e Dodi foram titulares nos três primeiros jogos, mas foram desfalques contra o Água Santa. Messias estreou diante do São Bernardo e começou jogando novamente nesta quarta, enquanto João Lucas perdeu a titularidade. Vladimir ainda não estreou.

Apesar de a diretoria ter ido ao mercado, ainda há muita responsabilidade depositada em garotos da base, como Ângelo e Marcos Leonardo. Ao ser substituído no duelo com o time de Diadema, Ângelo foi xingado por torcedores e rebateu, situação que serviu para Hellmann opinar que vê a cobrança sobre o jovem jogador como algo desproporcional, visto que ele pulou muitas etapas da formação e foi levado ao profissional sem planejamento.

"Ângelo é acima da média, mas talvez tenha queimado etapas. Jogou pouco no sub-17, pouco no sub-20. É um menino maduro, trabalhador, mas é um menino de 18 anos. Se a gente colocar a responsabilidade deste menino que queimou etapas no processo, está errado. A responsabilidade tem que vir para mim, para os mais velhos. Ele vai evoluir nesse processo, até nesse processo de relação com o torcedor, de relação com a derrota. A gente vê nomes mais experientes com essa oscilação, imagina um menino de 18 anos. que não jogou praticamente no sub-15, sub-17 e sub-20. Vamos cobrar que o Ângelo consiga ser o Messi?", disse o técnico santista.

Hellmann também falou sobre o quanto a pressão acumulada de dois anos de desempenho ruim tem afetado o início de trabalho e como isso diminui a paciência da torcida. "A gente tem que entender que esse processo desses dois anos a gente não tem como descartar. Quanto mais a gente trouxer esses dois anos aqui para dentro, pior vai ser a pressão. Eu estou há quatro jogos, estamos trabalhando para evoluir, os jogadores estão buscando o resultado até o final. Já tem dois anos, a dificuldade da derrota, o ambiente fica pesado, fica difícil, tem que ter personalidade, tem que ter força. Cabe ao treinador passar essa força", afirmou.

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