Economia

Oferta de ações da Ômega pode levantar R$ 1,4 bi

A Ômega Geração, do setor de energia renovável, poderá movimentar até R$ 1,4 bilhão em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), se considerado o teto da faixa indicativa de preço dos papéis, de lotes extras de R$ 17 a R$ 22, e a colocação de ações.

Se calculado apenas o lote principal, a oferta de ações girará entre R$ 800 milhões e R$ 1,03 bilhão, dependendo do preço que sair o papel. Com a ação em R$ 17 e considerando apenas o lote principal, do total da emissão, R$ 527 milhões vão para o caixa da companhia, por se tratar de uma oferta primária. Com o preço em R$ 22, R$ 681 milhões vão para o caixa e o restante para o acionista vendedor, a empresa de private equity Warburg Pincus.

Depois de um embate com investidores, a Ômega alterou o formato de sua abertura de capital e buscou apoio no Novo Mercado, segmento mais elevado de práticas de governança corporativa da B3, para emplacar sua oferta. A mudança ocorreu depois que investidores pressionaram a companhia solicitando melhorias na área de governança.

Do lado dos investidores, o que mais incomodou foram as transações entre partes relacionadas, que são aquelas operações firmadas entre uma empresa e outras sociedades integrantes de um mesmo conglomerado societário.

Historicamente, o assunto é visto com cautela dado o número de problemas já vistos nesses tipos de transações. Na Ômega, a companhia criou um comitê independente para analisar essas transações, mas foi obrigada a evidenciar em seu prospecto esse tipo de operação como um risco ao investidor, por poder configurar conflito de interesses.

“Os investidores estão muito mais maduros e, principalmente neste momento de instabilidade no Brasil, a seletividade aumentou muito. E cada vez mais melhores práticas de governança são exigidas”, disse um investidor. O movimento pode ser um ganho para a empresa, visto que investidores tendem a exigir menos desconto nas ações quando a confiança é mais elevada.

Inicialmente, a Ômega havia optado por se listar no Nível 2 (segmento menos elevado de práticas de governança) porque a ideia era emitir units, que são compostos por mais de uma classe de valores mobiliários, podendo unir ações ordinárias e preferenciais, por exemplo. Essa estrutura não é permitida no Novo Mercado e acionistas minoritários ativos costumam rechaçá-la, visto que acabam comprando no lote as ações preferenciais, que não tem direito a voto.

A mudança da Ômega coloca, mais do que nunca, os holofotes no segmento de governança, que terá, em 2018, um novo regulamento, recém aprovado pelas empresas ali listadas. No processo de evolução do segmento, os investidores também tiveram papel importante ao pressionarem as empresas pedindo a aprovação do novo regulamento.

A Ômega Geração começou ontem seu o processo de “bookbuilding”, em que são coletadas as intenções de investimentos. No próximo dia 27, a ação deverá ser precificada. A estreia da companhia na B3 está agendada para 31 de julho. Ainda neste mês, deverá ocorrer a abertura de capital do Carrefour Brasil e da Biotoscana. O IRB Brasil Re, de resseguros, também tentará a mesma janela.

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