Economia

Pátria investe em complexo logístico

O Pátria Investimentos está elevando suas apostas em galpões logísticos e edifícios comerciais. A gestora de recursos está investindo R$ 300 milhões em um complexo logístico multimodal em Itatiaia (RJ), localizado próximo à malha ferroviária da MRS e à rodovia Presidente Dutra, interligando os Estados do Rio e de São Paulo, para atender às indústrias instaladas na região.

Em setembro, entra em operação a primeira etapa do complexo, voltado para indústrias de autopeças que fornecem produtos para polos automotivos da Nissan, Jaguar Land Rover, Hyundai e MAN (da Volkswagen). O projeto foi desenhado para atender outros setores da indústria, com a construção de um condomínio logístico composto por galpões modulares. A conclusão das obras está prevista para 2018.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, Helmut Fladt, sócio da área de real estate (mercado imobiliário) do Pátria, afirmou que há uma demanda firme no mercado por esse tipo de empreendimento. “Os investimentos desse projeto foram levantados pelo fundo de real estate 2 do Pátria, com o foco em ativos imobiliários. Já fizemos aportes em galpões logísticos built to suit (sob medida) para o varejo, como Lojas Marisa, Tetrapak e Gerdau, por exemplo”, disse.

Fladt reconhece que o momento atual não está favorável, sobretudo para a indústria automobilística, que tem demitido e reduzido turnos, mas afirmou que esse complexo pode reduzir custos operacionais por interligar um dos principais corredores de escoamento de cargas, caso da rodovia Presidente Dutra, aos portos do Rio de Janeiro e Sepetiba, no mesmo Estado. “Esse é um projeto estruturado para longo prazo.”

Os produtos poderão ser escoados por caminhões ou contêineres via pela ferrovia da MRS, que tem entre os acionistas as empresas Vale, Usiminas, CSN e Gerdau. Os sócios da ferrovia tradicionalmente transportam minério, mas buscam diversificar o portfólio de produtos transportados pela malha.

De acordo com Fladt, há uma demanda para esse tipo de complexos logísticos em outras regiões do País, como Recife, Goiânia, Brasília e Uberlândia (MG). O Pátria não tem investimentos previstos para esses mercados, mas não descarta analisar oportunidades.
Edifícios comerciais. Outro filão de negócios que tem sido explorado pelo Pátria no segmento de real estate é a compra de imóveis comerciais. “O Pátria acabou de captar US$ 500 milhões (no fundo real estate 3) para investir na compra desse tipo de ativos”, afirmou.

Neste momento, com a desaceleração da economia, o preço desses ativos tem caído. “Sabemos que há uma vacância da ordem de 20% no eixo Rio-São Paulo, mas há boas oportunidades de negócios nesse segmento, sobretudo no Rio de Janeiro, por causa dos futuros eventos (como a Olimpíada). Sabemos que o setor de óleo e gás não passa por um bom momento, mas acreditamos que a Petrobras vá retomar seus investimentos no futuro”, disse.

Ao contrário do recente movimento de investidores estrangeiros, como a do grupo canadense Brookfield, que anunciou esta semana a compra de quatro ativos imobiliários comerciais da BR Properties, por R$ 2,079 bilhões, voltados para um público de alto padrão, o Pátria Investimentos procura ativos de menor porte. No início do mês, o fundo de private equity (que compra participações em empresas) Blackstone comprou uma carteira de ativos de galpões logísticos da BR Properties. A Blackstone é a principal sócia do Pátria.

A gestora de recursos nacional está à procura de imóveis que tenham maior liquidez. “O nosso ciclo de retenção é de cinco a oito anos”, disse. A carteira de real estate do Pátria é de R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões, com 15 ativos.

“Entendemos que o ciclo imobiliário atingiu seu pico e que os preços estão em queda. Esse é um bom momento para quem está na ponta compradora”, afirmou Fladt. Os investimentos do fundo nesse mercado também estão concentrados nos Estados de São Paulo e do Rio, mas a gestora mira mercados como Brasília para expandir sua atuação.

No ano passado, o Pátria concluiu uma captação de US$ 1,75 bilhão. Outros fundos, como Advent e Gávea, também estão capitalizados para investir em Brasil e América Latina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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