Estadão

Polícia da Alemanha impede atentado a premiê da Saxônia por grupo antivacina

A polícia da Alemanha realizou uma operação nesta quarta-feira, 15, após descobrir uma conspiração de um grupo antivacina para assassinar o primeiro-ministro do Estado da Saxônia, Michael Kretschmer, e outros membros de seu governo favoráveis à vacinação contra a covid-19.

A trama dos antivacina foi descoberta após um repórter do canal público ZDF conseguir se infiltrar em um grupo de Telegram com mais de cem pessoas, onde ameaças contra Kretschmer e outras figuras do governo saxão eram compartilhadas. Uma investigação policial foi aberta e, nesta quarta, esteve em pelo menos cinco propriedades em Dresden, capital da Saxônia, e uma na cidade vizinha de Heidenau. As autoridades informaram que encontraram armas no local, incluindo bestas – um tipo de arco medieval.

De acordo com o relatório, os 103 membros do grupo estavam unidos pela rejeição a vacinação, ao estado e à atual política de enfrentamento à pandemia. Entre as mensagens, foram recolhidos áudios em que as pessoas pediam medidas políticas contrárias "com força armada, se necessário". A polícia disse que os comentários de alguns membros sobre a suposta posse de armas e bestas fazem parte da investigação.

Tom Bernhardt, porta-voz da polícia criminal do estado da Saxônia, disse que seis membros do grupo do Telegram estão sob investigação: cinco homens e uma mulher, todos cidadãos alemães, com idades entre 32 e 64 anos. Ele disse que a polícia encontrou "bestas, partes de armas e armas" com eles, mas não informou se estavam em condições de uso.

As restrições ao coronavírus e a perspectiva de um provável mandato de vacina para todos no início do próximo ano alimentaram protestos recentes na Alemanha. Agências de segurança alertaram que partes do movimento Querdenken, denominação genérica para grupos que se opõem às restrições à pandemia, estão se tornando cada vez mais radicalizados.

O número de opositores às medidas sanitárias que estariam dispostos a recorrer à violência na Alemanha seria de 15.000 a 20.000, afirmou em uma entrevista ao jornal <i>Bild</i> o especialista do Partido Social-Democrata para questões de segurança, Sebastian Fiedler.

Após a operação, o novo chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou que o país "não permitirá que uma pequena minoria de extremistas tente impor sua vontade ao conjunto da sociedade". Kretschmer, que é filiado ao CDU – partido rival do SPD de Scholz – disse que ameaças contra funcionários públicos, cientistas e jornalistas "são inaceitáveis, não serão toleradas e serão perseguidas com todas as nossas forças".

A Alemanha tem um forte movimento de oposição às restrições desde o início da pandemia. O movimento está particularmente presente na Saxônia, Estado que integrava a antiga Alemanha Oriental, uma das regiões mais afetadas pela atual onda de contágios de covid-19 e que tem uma taxa de vacinação inferior à média nacional.

"O que existe atualmente na Alemanha é a negação da realidade, as histórias de conspiração absurdas, a desinformação deliberada e o extremismo violento", lamentou o chefe de Governo diante do Parlamento, antes de prometer uma resposta "utilizando todos os recursos de nosso Estado de direito democrático".

"Sejamos claros: uma pequena minoria em nosso país se afastou de nossa sociedade, de nossa democracia, de nossa comunidade e de nosso Estado, e não apenas da ciência, da racionalidade e da razão", disse no Parlamento o social-democrata Scholz , que sucedeu na semana passada a conservadora Angela Merkel como chefe de Governo.

No início do mês, os opositores às restrições anticovid protestaram diante da casa do ministro da Saúde da Saxônia, o que provocou a indignação dos políticos.

Diante do avanço da quarta onda da pandemia, o governo alemão decidiu reforçar as restrições para as pessoas não vacinada, que agora estão sem acesso à maioria dos locais públicos, restaurantes e estabelecimentos comerciais não essenciais. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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