Economia

PREVIDÊNCIA TOTAL – Planejamento e provisionamento para despesas do início do ano

Se o final de ano é marcado por festas e confraternizações, o início é lembrado como um período oneroso, de inúmeras obrigações financeiras. São gastos fixos com impostos, que se juntam com custos variáveis como matrícula e compra de material escolar, reajuste de mensalidades e renovação de seguro, sem contar resquícios de dívidas contraídas no ano recém concluído, como parcelamento de viagens de férias e de presentes natalinos, fato comum em grande parte dos lares brasileiros.
 
Para que 2015 comece no azul, sem que todas essas despesas tradicionais dos primeiros meses do ano comprometam a saúde financeira da família, planejamento, provisionamento e controle dos gastos são ações essenciais.
 
O economista Francisco Cunha Lima Cintra, sócio do portal ZenEconomics, explica que “o aperto pelo qual passam muitos brasileiros no início de ano se deve à falta de preocupação com o planejamento. Geralmente, entre os meses de outubro e novembro já temos uma ideia tanto dos ganhos adicionais, como 13º salário, férias e participação nos lucros, quanto dos futuros compromissos financeiros. Justamente por isso, no início do último trimestre é que deve ser feito o planejamento financeiro pessoal, exatamente como fazem as empresas, com o objetivo de se programar para quitar tais compromissos”.
 
Na visão de Karen Calixto, especialista em educação e coaching financeira, também diz ser imprescindível “estabelecer um diagnóstico financeiro, de modo que se observe todas as suas despesas e receitas pontualmente, da menor à maior”.
 
 
Provisionamento
 
Tão imprescindível quanto planejar é provisionar. A tarefa se torna ainda mais primordial, tendo em vista as altas cargas dos tributos cobradas em São Paulo. O estado paulista tem uma das alíquotas de IPVA mais caras do país. O valor do imposto corresponde a 4% sobre o valor do carro, com base na tabela FIPE.
 
Outro tributo que também pesa bastante no orçamento doméstico é o IPTU. Para os moradores da cidade de São Paulo, o peso do imposto imobiliário deve ser ainda maior em 2015, já que a Prefeitura conseguiu, em decisão do Tribunal de Justiça, no final de novembro, liberação para reajustar o valor do imposto em até 20% para imóveis residenciais e 35% para os comerciais.
 
Independentemente da alíquota cobrada, os impostos entram no rol de despesas conhecidas e fixas e, por essa razão, devem ser provisionadas.
 
De acordo com o consultor de negócios e sócio do SCAI Group, Daniel Schnaider, “provisionar é algo complexo. Até mesmo empresas com departamentos criados exclusivamente para esse fim, por vezes erram. E o grande segredo para minimizar esses erros e surpresas desagradáveis é economizar sempre que possível”.
 
Nesse sentido, diz o consultor, “uma dica preciosa é saber separar e priorizar os gastos. As tentações do consumo no mundo das compras, promoções e facilidades de parcelamento são um grande perigo. O exercício de poupar precisa ser constantemente praticado, lembrando que as incertezas do futuro só podem ser bem administradas quando se tem recursos disponíveis”.
 
Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira (Abefin), concorda e ressalta que a estratégia de “primeiro poupar, para somente depois gastar, é um dos princípios básicos da educação financeira e envolve uma mudança comportamental de cada um”.
 
Pagamentos
 
Pessoas que não têm o hábito de poupar e elaborar antecipadamente o orçamento doméstico devem apertar um pouco os cintos nos primeiros meses de 2015. Para quem se encaixa nesse perfil, o economista Alex Antunes, sócio do site Equilibrados, sugere que, de imediato, “separe a verba necessária para cumprir com todos os compromissos obrigatórios do começo de ano. Somente depois disso considere gastos ligados ao lazer e ao lado social, que se intensificam nesse período do ano”.
 
Em caso de não haver dinheiro suficiente para quitação das despesas em sua totalidade, Antunes orienta que os compromissos não sejam liquidados à vista. “Ainda que o pagamento à vista tenha descontos, isso pode implicar em mais descapitalização e levar a dívidas maiores, por exemplo, com a utilização do limite do cheque especial ou do rotativo do cartão de crédito, que possuem os maiores juros dentre as linhas de crédito brasileiras”.
 
Aos que já têm incorporadas a prática do provisionamento e estão com a situação financeira mais confortável, o presidente da Abefin recomenda que aproveitem os descontos oferecidos no pagamento à vista. Mas, faz uma ressalva: “É importante ficar atento aos compromissos futuros. Sem planejamento e sem reserva financeira, muitas pessoas se deixam levar pelo bom desconto e acabam esquecendo que haverá outras contas a serem pagas na sequência. De nada adianta pagar à vista e conseguir desconto em uma despesa e não ter dinheiro suficiente para quitar as demais”, reforça Domingos.
 
Dívidas
 
Num país em que a cultura de planejamento e poupança ainda não é amplamente disseminada, infelizmente, há quem dará boas-vindas ao novo ano sem condições de arcar com todas as despesas peculiares da época. Para essas pessoas, os especialistas também propõem soluções.
 
“Busque as linhas de atendimento ao cliente dos bancos, das redes varejistas e dos demais credores, exponha seus problemas e peça para renegociar as dívidas. Atualmente, essa é uma opção bem acessível”, orienta Francisco Cintra.
 
O consultor Daniel Schnaider sugere que, paralelamente à renegociação, “reduza drasticamente seus gastos enquanto também tenta vender algo que não lhe seja mais útil. Os novos sites da internet facilitam esse tipo de negociação na busca de recursos para a quitação dos compromissos”.
 
 
Como alternativa, Cintra também indica a ajuda de um especialista em finanças pessoais. “Geralmente, os custos com honorários desse tipo de profissional são pequenos quando comparados aos benefícios que eles podem gerar. Mais do que ajudar a eliminar as dívidas, ele pode ajudar no equilíbrio e controle dos gastos. Afinal, aproveitando a época de festas, vale lembrar que qualquer tipo de ressaca é ruim, seja ela etílica, moral ou financeira”.
 
 
 
Mais informações www.previdenciatotal.com.br
 
 
 
 
 
Sugestão de arte:
 
Contas do início do ano:
 
 
 
– IPVA
 
– IPTU
 
– Seguros (carro, casa)
 
– Matrícula e material escolar
 
– Reajuste de mensalidades (academia, estacionamento, cursos, etc.)

Posso ajudar?