Em um mês no cargo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já se deparou com várias resistências políticas e técnicas às propostas apresentadas para tentar destravar a economia. Além do limite ao crescimento dos gastos, cujo projeto deve ser encaminhado ao Congresso esta semana, também surgiram resistências à ideia de reformar a Previdência e ao plano de o BNDES devolver R$ 100 bilhões emprestados pelo Tesouro Nacional.
A proposta apresentada de negociação da dívida dos Estados também não foi bem recebida pelos governadores. Mas, apesar de algumas decepções, a avaliação geral de especialistas é de que o começo foi positivo.
Para o ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, Raul Velloso, é normal que um novo governo precise de tempo para apresentar propostas estruturadas, mas gerou incômodo a diferença de três semanas entre o anúncio do plano de limitar os gastos do governo, no dia 24 de maio, e o detalhamento da medida.
A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, lembra que Meirelles já precisou ceder à ala política do governo Temer, com a flexibilização do rigor da medida para as despesas com saúde e educação, além de limitar a duração da regra, que o ministro inicialmente queria de forma perene. “É importante que as regras disciplinem a evolução do gasto por mais tempo. Se for por apenas três ou cinco anos, será uma medida inócua”, avalia a economista.
Vitória e derrota. De concreto nesses primeiros 30 dias, Meirelles conseguiu a aprovação da nova meta fiscal de 2016, com déficit de R$ 170,5 bilhões. A vitória no Congresso, no entanto, foi seguida de uma “derrota” da Fazenda com aprovação na Câmara do reajuste dos salários de várias carreiras do funcionalismo federal, com forte impacto nos cofres públicos.
Para o analista da corretora Rico, Roberto Indech, é preciso esperar pelo menos mais dois meses para se fazer um balanço justo do início da gestão Meirelles. “O ex-presidente Itamar Franco teve três ministros da Fazenda em oito meses. É preciso dar tempo para as pessoas realizarem o trabalho. Até a votação do impeachment no Senado, muita coisa deve ficar em compasso de espera”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.