A inclusão de cálculos, mesmo que parciais, sobre as baixas dos ativos e esclarecimentos sobre o fato de as perdas serem possivelmente maiores podem ajudar a dar alguma credibilidade ao balanço da Petrobras, apontam especialistas.
“Funciona (a inclusão de dados parciais), se a Petrobras, com a melhor informação disponível hoje, de maneira imparcial, registrar os valores que, de boa fé, acredita serem os verdadeiros. Não dá para existir nada além disso”, diz o advogado Bruno Werneck, sócio do escritório Mattos Filho.
Ele admite que o auditor pode, ainda assim, não ter a segurança necessária para dar seu aval ao documento, mesmo com as premissas indicadas pela Petrobras. “Essa é a dificuldade, o convencimento do auditor de que aquele é o valor certo neste momento”, disse.
Werneck pondera que, diferentemente da Embraer, no caso da Petrobras as investigações sobre corrupção surgiram e se tornaram públicas quando o ex-diretor da companhia Paulo Roberto Costa fez a delação premiada e declarou que havia desvios.
Réu confesso
“No caso da Petrobras, a companhia é um réu confesso e o auditor se sente mais inseguro de auditar e declarar que o documento reflete o que deveria refletir”, diz o advogado, lembrando que as auditorias podem no futuro sofrer penalidades de alguma autoridade que entenda que a firma não analisou os números o suficiente.
Na segunda-feira, executivos da Petrobras salientaram em teleconferência que a companhia está debruçada sobre o balanço para trazer a valor justo ativos que foram objeto de superfaturamento na construção ou aquisição. Segundo o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, se houve sobrepreço, esse valor será retirado do imobilizado e levado a resultado. Já a presidente da Petrobras, Graça Foster, explicou que, para aferir a proporção do sobrepreço, estão sendo consideradas as denúncias em Juízo.
A advogada tributarista Isabel Bertoletti, do Machado e Associados, no entanto, salienta que trazer os ativos a valor justo é um dos pontos de atenção do balanço, já que, como a investigação ainda está se desenvolvendo, não é possível saber se outros itens importantes serão identificados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.