Estadão

Rodrigo Garcia aposta em campanha sem padrinho e tenta contornar rejeições

A estratégia nas redes sociais dos principais candidatos ao Palácio dos Bandeirantes deixa claro os segmentos do eleitorado que são alvo das campanhas. O ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) aumentou a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) nos seus perfis nos últimos 30 dias, enquanto o PT desenha uma campanha na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) estarão "colados" no ex-prefeito Fernando Haddad.

No caminho inverso, o governador Rodrigo Garcia (PSDB), que disputa a reeleição, adotou um discurso que rejeita os "padrinhos políticos" e ignora, nas mídias sociais, os presidenciáveis dos partidos que o apoiam: Luciano Bivar (União Brasil), Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante) e Pablo Marçal (PROS).

Garcia tenta trilhar um caminho sem associações nacionais e fora das grandes rejeições – ao se manter distante da polarização petismo versus bolsonarismo e ao evitar João Doria (PSDB), que teve a candidatura presidencial frustrada.

No Facebook, Tarcísio é o que mais investiu em impulsionamento de conteúdos no último mês. Foram R$ 53,7 mil em despesas com publicidade. Ele é seguido por Garcia, que gastou R$ 39,4 mil. Não há investimento registrado por Haddad na plataforma no período.

No Instagram, Haddad e Tarcísio têm os maiores números de seguidores entre os concorrentes – o petista tem 2 milhões e o ex-ministro, 1,7 milhão. Garcia tem 101 mil, mas teve crescimento acelerado na última semana. No perfil do governador, Doria, Tebet ou Bivar não aparecem nas 75 publicações no último mês.

O PSDB defende que Garcia, que fez sua carreira no DEM e se filiou no ano passado à legenda, coloque tucanos históricos em seus programas, como forma de fazer frente à presença de Alckmin na campanha de Haddad. "O padrinho do Rodrigo é o legado do PSDB em São Paulo desde 1994. Essa polarização nacional prejudica o Estado", disse o presidente do PSDB-SP, Fernando Alfredo.

<b>Mudança</b>

Levantamento feito pelo <b>Estadão</b> mostra que, no último mês, Bolsonaro esteve em oito das 44 publicações feitas por Tarcísio no Instagram. Antes de 15 de junho, ele raramente figurava na rede social do ex-ministro. A mudança coincide com a melhora do desempenho de Bolsonaro nas pesquisas em São Paulo. "Estaremos cada vez mais juntos. E não se trata de um movimento tático, mas estratégico", disse o marqueteiro de Tarcísio, Pablo Nobel.

Já Lula apareceu em 25 de 132 publicações de Haddad no Instagram. O entorno do ex-prefeito prevê que Garcia será obrigado a fazer movimentos de aproximação com o eleitorado bolsonarista para chegar ao segundo turno. Investir na imagem de Lula nas redes de Haddad e na TV seria uma resposta a esse movimento. "A musculatura eleitoral do Bolsonaro e do Lula é fundamental na manutenção dessa polarização", disse o cientista político Rodrigo Prando.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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