A seca no cerrado em 2016 está mais forte do que nos últimos anos e atingiu em cheio a safra de milho, principal responsável pelas estimativas de que a produção nacional de grãos encerre o ano com a maior quebra em 20 anos. A avaliação é do gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Claros Alfredo Barreto Guedes.
“É natural do cerrado chover pouco nesta época do ano, mas não tão pouco assim”, disse Guedes.
Mais cedo, o IBGE informou que o LSPA de julho projeta uma safra de 189 milhões de toneladas em 2016, recuo de 9,8% em relação à produção de 2015, de 209,4 milhões de toneladas. A safra estimada para a soja, totalmente colhida, é de 96,3 milhões de toneladas, queda de 0,9% em relação a produção registrada em 2015.
Já a safra de milho terá quebra bem maior: a projeção é de produção total de 67,9 milhões de toneladas, 20,5% abaixo dos 85,5 milhões de toneladas de 2015.
As estimativas do IBGE pioraram na passagem de junho para julho, porque a seca no cerrado persistiu e continuou afetando a segunda safra de milho. Segundo Guedes, o tombo é ainda maior porque a participação da segunda safra no total cresceu na última década (em 2016, deverá responder por 63% do total) e o clima favorável dos últimos anos levou agricultores a apostarem mais na cultura.
“Nos últimos três, quatro anos, o clima foi muito bom no cerrado, melhor do que o histórico, com chuvas acima da média. Os produtores foram apostando cada vez mais no milho de segunda safra, agora, a queda quando veio foi um tombo”, afirmou o técnico do IBGE.