Estadão

Segunda temporada da série The White Lotus foca em dinâmicas sexuais

Foi uma surpresa o sucesso de <i>The White Lotus</i>, que estreou em julho de 2021. Sim, a série tinha um elenco com nomes testados e aprovados, como Connie Britton e Jennifer Coolidge – e acabou trazendo outras atuações fortes também. Era escrita e dirigida por Mike White, um criador não muito conhecido, apesar de sua ótima Enlightened. Ninguém estava esperando muito, até por ser um material original. E a série foi um estouro, levando dez Emmys em agosto desde ano. O inevitável, então, aconteceu: em princípio uma minissérie, The White Lotus virou uma antologia, com a segunda temporada chegando neste domingo, 30, na HBO e HBO Max, preenchendo o espaço deixado pelo fim de A Casa do Dragão.

Sendo uma antologia, há diferenças em relação à primeira temporada. A história continua se passando em um hotel da fictícia cadeia The White Lotus, mas, em vez do Havaí, o cenário agora é a Sicília. Segundo o ator Tom Hollander, que participa desta segunda leva de episódios, Mike White fez pesquisa em diversas locações. A ilha italiana foi escolhida por causa das cabeças de cerâmica comuns de encontrar na região, fazendo referência à lenda de uma mulher traída que cortou a cabeça do amado.

O elemento de ligação entre a primeira e a segunda temporadas é Tanya (Jennifer Coolidge, vencedora do Emmy de atriz de comédia), que retorna, agora casada com Greg (Jon Gries). Ela continua tão sem-noção e carente como sempre, até porque o casamento não vai bem. Quem sofre é sua assistente Portia (Haley Lu Richardson), que estava em busca de aventura.

O humor de Tanya só melhora quando ela conhece Quentin (Tom Hollander), um inglês que mora na Sicília e está com seu grupo de amigos, gays como ele. Enquanto isso, o sobrinho de Quentin, Jack (Leo Woodall), se engraça com Portia, para desespero do comportado Albie (Adam DiMarco), que passa um tempo na ilha com seu pai, Dominic (Michael Imperioli), dando um tempo depois de trair mais uma vez a mulher, e com seu avô, Bert (F. Murray Abraham).

Outro núcleo é formado pelos amigos de universidade Cameron (Theo James) e Ethan (Will Sharpe) e suas respectivas amadas, Daphne (Meghann Fahy) e Harper (Aubrey Plaza). Os dois casais não poderiam ser mais diferentes, o que vai gerar conflitos. Ligando todos os personagens estão os italianos: a gerente do hotel, Valentina (Sabrina Impacciatore), e duas jovens locais que se prostituem para alcançar seus sonhos, Lucia (Simona Tabasco) e Mia (Beatrice Grannò). Como na primeira temporada, há um mistério envolvendo mortes.

A descoberta das cabeças de porcelana fez com que a segunda temporada girasse em torno do ciúme, do amor, da traição, ou seja, um pouco diferente da primeira, que tratava bastante das dinâmicas de poder entre os bilionários e os funcionários do hotel. Não que a sátira aos ricos não esteja presente, mas o foco são as dinâmicas de poder nos casais, entre homens e mulheres, movidas por ciúme, sexo, competição. "Mike White consegue contrabandear pontos interessantes sobre política sexual, privilégio, tristeza, pecado, de maneira satírica, mas com compaixão", disse Tom Hollander em entrevista com a participação do <b>Estadão</b>. "Ele permite que julguemos esses personagens, mas também encoraja que os perdoemos. Então estamos ao mesmo tempo com eles e contra eles."

O ator disse que tinha consciência de haver o risco de a segunda temporada não ser tão boa ou tão bem recebida quanto a primeira. "Mas Mike White tinha mais para oferecer. Ele é um criador e um ser humano brilhantes. Espero que esses novos episódios sejam tão bem recebidos quanto os primeiros."

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