O sistema político do Brasil terá de demonstrar que está comprometido com o ajuste fiscal, que terá de ser mais forte que o realizado em outros países da América Latina, avaliou na manhã desta quinta-feira, 8, Alejandro Werner, diretor para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo ele, todos os países da região possuem situações fiscais piores do que deveriam, porque o “mundo mudou” e não porque tenham expandido os gastos de maneira artificial.
A questão, observou, é a velocidade com que terão de realizar o ajuste. Os países que possuem baixo nível de endividamento poderão buscar o equilíbrio de maneira gradual. Mas outros, entre os quais o Brasil, terão de implementar um programa econômico-fiscal “mais forte”, afirmou Werner no seminário anual do Banco de Desenvolvimento da América Latina (conhecido pela sigla CAF), em Washington.
Augusto de la Torre, economista-chefe para América Latina do Banco Mundial, defendeu que o Brasil faça o ajuste fiscal de maneira gradual, para evitar que ele provoque um impacto negativo sobre a recuperação do crescimento. “Se o ajuste fiscal for demasiado forte, ele pode interromper a recuperação econômica”, disse Torre. “É necessário equilíbrio entre deixar que a economia comece a respirar de novo e, ao mesmo tempo, dar-lhe uma trajetória fiscal mais estável. Acredito que obter esse equilíbrio é o desafio para os políticos.”
Apesar de defender o ajuste gradual, Torre afirmou que o equilíbrio das contas públicas é necessário para que o crescimento econômico tenha base sólida. Segundo ele, os brasileiros “gostariam de não fazer o ajuste, até porque têm uma situação fiscal mal resolvida”. Mas o Brasil é um dos países da região com menor margem de manobra fiscal, o que torna o ajuste inevitável, concluiu.