Estadão

Skate brasileiro chega ao Mundial de Street atrás de 1º pódio do ciclo Paris-2024

Esperança de medalhas para o Brasil após uma estreia animadora como esporte olímpico nos Jogos de Tóquio, o skate ganha uma nova etapa no caminho a Paris-2024 com a disputa dos Mundiais de street e park nas duas próximas semanas, em Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos. O primeiro campeonato será o de street, que começa com treinos livres neste domingo e classificatórias a partir de quarta-feira. A final será dia 5 de fevereiro.

O skate nacional tem 18 nomes que desafiarão skatistas de outras potências do esporte, como Japão e Estados Unidos. Além de ter representantes como Pâmela Rosa, bicampeã da SLS (Skate Street league), e os medalhistas olímpicos Rayssa Leal e Kelvin Hoefler, o Brasil espera emplacar bons resultados de atletas que não estiveram em Tóquio-2020, mas são destaques em competições nacionais e internacionais. É o caso do jovem Filipe Mota, de 16 anos, e dos campeões brasileiros João Lucas Alves e Gabi Mazetto.

O Mundial de Sharjah será o segundo evento da corrida olímpica para o street, que já teve pontos contados durante o Pro Tour de Roma realizado em julho de 2022 e foi encerrado sem brasileiros no pódio. Ano passado, o STU Open Rio, que reuniu competições das duas modalidades, chegou a ser validado como Mundial, mas teve a chancela retirada pela World Skate, entidade reguladora que surgiu da fusão das federações internacionais de skate e patins.

Segundo a World Skate, o evento no Rio foi desconsiderado em razão da "incapacidade financeira" dos organizadores "para cumprir os termos e condições" estabelecidos em memorando. A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) alegou que a federação internacional fez exigências não acordadas anteriormente. O episódio aumentou a lista de desentendimentos entre a CBSk e a World Skate.

Hoje, a organização brasileira, que deseja independência, resiste à pressão que recebe do órgão regulador para se fundir à Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP) "Somos o único esporte olímpico dentro da World Skate e, mesmo assim, continuamos sem voz dentro da federação internacional", escreveu Bob Burnquist, ícone do skate brasileiro, em publicação recente nas redes sociais, ao divulgar um abaixo assinado contra a fusão.

BRASILEIRAS TENTAM DESBANCAR DOMÍNIO JAPONÊS
Enquanto a guerra institucional ocorre nos bastidores, os skatistas brasileiros seguem treinando firme e focados no sonho olímpico. Na disputa do street feminino, Rayssa Leal, medalhista de prata em Tóquio e nome mais popular do skate nacional no momento, é a melhor colocada brasileira do ranking feminino, em quinto lugar, e uma das favoritas a ficar entre as primeiras colocadas da competição feminina em Sharjah.

Rayssa foi campeã da SLS (Skate Street League) e terminou o ano como vice-líder do STU, o circuito nacional de skate, mas as duas competições não contaram pontos no ranking da World Skate. No Pro Tour de Roma, chancelado como classificatório olímpico, ficou em quinto, atrás de quatro japonesas: Funa Nakayama, Momiji Nishiya, Yumeka Oda e Rizu Akama.

Como o evento na Itália foi o único do ciclo até agora, a atual configuração do ranking é a mesma da classificação final do campeonato. No Mundial de Sharjah, Rayssa entra direto na segunda fase, as quartas de final, pois está entre as cinco melhores do ranking mundial.

A segunda melhor brasileira na classificação é a bicampeã do SLS e representante do Brasil nos Jogos de 2020, Pâmela Rosa, atual oitava colocada do ranking da World Skate, seguida por Gabi Mazetto (14ª), campeã do STU em 2022. Mazzeto já era um nome forte no último ciclo, mas saiu da briga pela vaga olímpica em Tóquio quando descobriu que estava grávida. Ambas disputam as classificatórias por estarem dentro do top 30.

Carla Karolina, Kemily Suiara e Marina Gabriela, além de Maria Clara, da seleção júnior, participam do campeonato por meio do sistema "country quotas", que permite indicações da comissão técnica das seleções com base em critérios técnicos. Virginia Fortes Aguas, medalhista de ouro nos Jogos Sul-Americanos da Juventude em 2022 e integrante da seleção, está lesionada, assim como Isabelly Ávila. Além das japonesas, as brasileiras irão competir com nomes como a holandesa Roos Zwetsloot, quinta colocada em Tóquio, e a caçulinha australiana Chloe Covell, de apenas 12 anos.

BRASIL CHEGA FORA DO TOP 5 NO MASCULINO
No street masculino, o Brasil não tem participantes classificados diretamente para as quartas de final, pois o melhor colocado é Gabryel Aguillar, em 11º. Além dele, a seleção tem no top 30 o medalhista olímpico Kelvin Hoefler (14º) e João Lucas Alves "Xuxu" (17º), o campeão do STU Rio Open e líder do circuito nacional. Filipe Mota, de 15 anos, uma das principais promessas do BrasiL e finalista da etapa decisiva da SLS no ano passado, é o 19º, acima de Carlos Ribeiro, que fecha o top 30.

Vice-campeão da SLS em 2021 e atualmente sem ranking, Lucas Rabelo participará via "country quotas" e espera um retorno positivo após se recuperar de um rompimento ligamentar no joelho. O veterano Felipe Gustavo, de 31 anos, e Ivan Monteiro, vice-campeão do STU Open Rio, também estão na lista de participantes, assim como Eduardo Neves, Giovanni Vianna e Vinicius Costa.

A disputa do street masculino não contará com o americano Nyjah Houston, líder do ranking, lesionado. Entre os principais postulantes ao pódio, estão o português Gustavo Ribeiro, atual campeão da SLS, o campeão olímpico Horigome Yuto, do Japão, e o francês Aurelien Giraud, além dos argentinos Matias Dell Ollio e Mauro Iglesias.

FORMATO
Na fase classificatória, tanto na disputa masculina quanto na feminina, cada skatista dá duas voltas de 45 segundos e apenas a melhor volta é contabilizada. Então, 32 atletas avançam às quartas de final, disputadas no mesmo modelo da fase anterior. A partir das semifinais, a nota da melhor volta será somada às duas melhores manobras do competidor para constituir uma pontuação final.

Veja o calendário do Mundial de Street de Sharjah:
Domingo, 29 de janeiro: Treinos (9h)
Segunda-feira, 30 de janeiro: Treinos (9h)
Terça-feira, 31 de janeiro: Treinos (9h)
Quarta-feira, 1 de fevereiro: Classificatória feminina (9h)
Quinta-feira, 2 de fevereiro: Classificatória masculina (9h)
Sexta-feira, 3 de fevereiro: Quartas de final feminina (10h) e masculina (15h)
Sábado, 4 de fevereiro: Semifinais femininas (15h) e feminina (18h30)
Domingo, 5 de fevereiro: Finais feminina (16h40) e masculina (18h10)

Posso ajudar?