Desde o início do mandato do prefeito Lucas Sanches, a comunicação entre o governo municipal e a imprensa tem sido marcada por silêncio e evasivas. O portal GWeb contabiliza dezenas de pedidos de informação enviados à Prefeitura de Guarulhos que sequer foram respondidos. E quando há algum retorno, muitas vezes trata-se de respostas genéricas que não esclarecem os questionamentos feitos — o que, na prática, equivale a não responder.
As perguntas feitas pelo portal envolvem temas de interesse público e afetam diretamente a vida da população, como saúde, transporte, educação, segurança e infraestrutura. Uma das primeiras solicitações ignoradas aconteceu no dia 9 de janeiro, quando o GWeb buscava confirmar a informação de que empresas de ônibus não haviam recebido os subsídios prometidos pela Prefeitura, o que estaria comprometendo o pagamento dos salários dos motoristas e ameaçando deflagrar uma greve. Apesar da urgência do tema, não houve resposta.
No dia 15 de janeiro, a Prefeitura chegou a se manifestar sobre a paralisação dos contratos de manutenção do asfalto e disse estar “surpresa”, prometendo ações emergenciais. Contudo, quando questionada sobre quais seriam essas ações, qual a previsão de retorno do serviço de tapa-buracos e quanto tempo a população teria que conviver com as vias danificadas, o GWeb não obteve mais retorno.
A falta de transparência também se repetiu em outras pautas de grande repercussão. No dia 24 de janeiro, a Prefeitura afirmou que o serviço de mototáxi era ilegal em Guarulhos. Porém, dias depois, o próprio prefeito publicou em suas redes sociais que estava “junto” com os mototaxistas. Quando o GWeb tentou esclarecer o que teria mudado no entendimento do governo, nenhuma resposta foi dada.
No campo da saúde, a situação não é diferente. Em 10 de fevereiro, após acompanhar in loco a ação “Fila Zero” em hospitais municipais, o GWeb solicitou dados como número de atendimentos, especialidades, avaliação da procura e previsão de novas ações. Nada foi respondido. O mesmo ocorreu em 18 de março, quando o portal buscou esclarecer a diferença nos números da fila de exames e consultas divulgados pelo prefeito — que ora fala em 500 mil pessoas, ora em 250 mil.
Demandas relacionadas à educação também foram ignoradas. Em 20 de fevereiro, foi questionado por que o número de vagas do Programa Mais Futuro caiu de 100 mil para 40 mil e se o programa havia sido descontinuado. Nenhuma resposta. Mais recentemente, o GWeb pediu esclarecimentos sobre a entrega de uniformes e materiais escolares, que ainda não chegaram nas escolas da cidade, e sobre a promessa de zerar a fila de creches — onde mais de 5 mil crianças seguem sem vagas. Silêncio, novamente.
Outros temas ignorados incluem: a saída do diretor artístico da Orquestra de Guarulhos, Emiliano Patarra, divulgado pelo GWeb no último mês; uma viatura da GCM flagrada fazendo manobras perigosas próximo a crianças; o possível abandono do Vedacit Vôlei da cidade de Guarulhos por falta de incentivo da gestão; e até mesmo uma pergunta sobre o motivo de um voo de helicóptero feito pelo prefeito e o secretário de Governo Carlos Santiago, no dia 11 de fevereiro.
Nas últimas semanas, o GWeb ainda enviou uma série de questionamentos sobre o novo centro de atendimento para crianças com transtorno do espectro autista (TEA), incluindo a escolha do local, investimentos, verba, transporte e previsão de entrega. Nenhuma das perguntas foi respondida.
Na área de infraestrutura, apesar de buracos tomarem conta de ruas e avenidas desde o início da gestão Lucas, a Prefeitura ainda não esclareceu como está a licitação prometida para retomada da operação tapa-buracos, nem quando as obras vão, de fato, começar.
A ausência de respostas revela uma postura preocupante da atual gestão em relação à transparência e ao diálogo com a imprensa e, consequentemente, com a população. Não responder perguntas legítimas, ou responder de forma genérica, é, na prática, negar o direito do cidadão à informação.