Opinião

Lei da Copa se vira contra os cidadãos

Diante de todas polêmicas que envolvem a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, a aprovação da Lei Geral pelo Congresso parece ser a bola da vez. As trocas de farpas entre o governo brasileiro e a cúpula da Fifa, neste instante, têm como pano de fundo a legislação especial que o país precisa aprovar para garantir uma autonomia insana dada à entidade. Pior que, no afã de garantir a realização dos jogos e – principalmente – devido a ineficácia para a promoção das obras de infraestrutura, para abrandar os ânimos, o Planalto trabalha para liberar geral.


Isso significa, como muito já foi falado, abrir mão de convicções que levaram anos para serem conquistadas. Dois pontos básicos: a violação dos direitos do consumidor e a liberação de bebidas alcoólicas nos estádios. Na verdade, o governo se ajoelha diante da Fifa ao ceder às pressões da entidade. Está em curso, com as bênçãos do Ministério dos Esportes,  uma mudança na legislação incorporada na vida do brasileiro com muita luta, que é evitar o álcool nos estádios de futebol. Trata-se de um verdadeiro atentado  contra a segurança da família, dos cidadãos, que acaba por estimular a violência, em tempos que tanto se fala de garantir uma convivência mais amável entre as torcidas.


A liberação é um brutal retrocesso para o páis. Não é novidade para ninguém, inclusive por meio de pesquisas, que existe uma estreita relação entre o consumo de bebidas com aumento de criminalidade. Esta postura de submissão tem um único objetivo, nada nobre. Garantir os interesses das indústrias de bebidas e da entidade em conseguirem patrocinadores.


Outro ponto polêmico que atenta contra o país sera a excepcinalidade que se dará ao evento no que tange os direitos dos consumidores, principalmente em relação às cotas de ingressos com descontos para estudantes e maiores de 60 anos. O próprio Estatuto do Torcedor será rasgado.


Mais uma vez, em nome da realização da Copa do Mundo, com resultados ainda incertos, o Brasil está abrindo mão de sua soberania. Corre o risco ainda de deixar à população um perigoso legado de desrespeito à lei vigente. O evento ainda é bem vindo, porém não se pode admitir que o país seja obrigado a perder sua identidade.

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