Mundo das Palavras

A blogueira cubana

As discretas mensagens transmitidas pelo rosto de Yoani Sanchez foi o que mais chamou a atenção de algumas pessoas durante sua tumultuada e muito noticiada passagem pelo Brasil. Embora a cubana ostensivamente exiba alguns traços em sua imagem. Como a cabeleira, tão extensa que ela pode transpô-la para a frente de seu corpo, cobrindo parte de seus seios e de sua barriga. E ainda como as saias, largas e compridas e as sandálias. Traços com os quais Yoani quer compor uma aparência de hippie dos anos de 1970, amante das liberdades individuais, lançada ao mundo globalizado pela avançada tecnologia empregada na internet.


Sereno, o rosto de Yoani impressiona tanto pelo ar pensativo de quem se mantém emocionalmente distanciada da realidade imediata que a cerca, como pelo meio-sorriso de Gioconda, a revelar, aparentemente,  uma triste compaixão diante do espetáculo social exibido a seus olhos.


No que pensa a blogueira? O que a faz sorrir de modo tão discreto e melancólico? A falta em seu país das liberdades da democracia burguesa entendida como falsas pelos antigos revolucionários socialistas porque, nela, de fato, só tem acesso ao poder e às maiores regalias quem possui muito dinheiro? Yoani, então, se comove, quando vê este tipo de liberdades sendo exercidas em outro país? Isto foi o deve ter achado quem tem Yoani na conta de uma jovem heroína solitária que corajosamente enfrenta o autoritarismo do regime cubano.


Ou, ao contrário, Yoani se comove daquela maneira porque se entristece com o embuste que promove junto a quem acredita na sinceridade de sua luta por liberdade? Isto deve ter pensado quem leu as informações veiculadas num texto do jornalista Jorge Lourenço, do Jornal do Brasil, no dia 5 de março do ano passado. Segundo Lourenço, a atuação de Yoani teria revelado uma série de truques ao ser submetida a uma investigação jornalística na França, conduzida por Salim Lamrani. Um dos quais, de acordo com o jornalista, foi desmascarado quando ela convocou uma entrevista coletiva para denunciar o espancamento público que teria sofrido a mando do governo cubano. À entrevista, concedida 24 horas depois do suposto atentado, diz Lourenço, Yoani compareceu sem levar nenhuma testemunha. E, o pior, sem apresentar nenhuma marca em seu corpo.


Como se vê, as sutis mensagens enviadas pelo rosto sereno de Yoani não serão avaliadas corretamente tão cedo. Somente quando estiverem amainadas as paixões políticas que ela desperta.  Pela passagem do tempo e pelo surgimento de mais informações sobre a blogueira.              


  

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