A reprovação de um simples requerimento de pedido de informações realizado pelo vereador Maurício Guti pela maioria dos vereadores na última segunda-feira pode ser considerada a oficialização da “ditadura do Executivo” na Câmara Municipal de Guarulhos. O parlamentar fez um simples pedido para saber sobre as carreiras na Procuradoria Geral do Município, algo natural e que faz parte das atividades legislativas. No entanto, a base do prefeito Lucas Sanches votou em peso contrariamente, jogando por terra uma das principais prerrogativas da Casa.
Algo de podre
A reprovação do requerimento passou a nítida impressão de que o governo Lucas Sanches não quer que se mexa na questão das carreiras dos procuradores municipais. Não é difícil imaginar que “há algo de podre no reino da Dinamarca”, parafraseando o personagem Marcellus em Hamlet, após testemunhar a aparição do fantasma do pai de Hamlet. Marcelo Seminaldo (PT) lembrou inclusive que durante todos os mandatos que passou na Câmara Municipal nunca viu um requerimento, por mais absurdo que possa ter sido, ser reprovado.
Sincericídio
Enquanto alguns vereadores da base do prefeito Lucas Sanches tentavam dar desculpas sobre a reprovação do requerimento, Geléia Protetor (PSD), que é do grupo, usou a tribuna para encerrar o assunto. “Acho pertinente o requerimento e peço desculpas ao Maurício Guti por votar contra, mas votamos assim porque seguimos a ordem do líder do governo Geraldo Celestino. O Lucas mandou a gente votar contra. Pronto e acabou”.
Repeteco
E para quem tinha dúvidas sobre a nova ordem antidemocrática que impera em Guarulhos, um segundo requerimento do mesmo Maurício Guti, que tratava de previsão orçamentária da Prefeitura para a folha de pagamento dos servidores, foi rejeitado logo em seguida. E as desculpas seguiram as mesmas, ficando evidente toda a ação orquestrada pela base aliada, ou seria alienada, como o vereador Laércio Sandes gostava de falar na legislatura passada. Agora, como mudou de lado, o discurso mudou. E muito.
Município dos Pimentas
Em meio às discussões, o presidente da Casa, Fausto Miguel Martello, disparou que a região dos Pimentas poderia ser outro município, apartado de Guarulhos. “La é outra cidade. Outra gente, outro povo. Nunca fui a favor de dividir os municípios. Mas se tratando dos Pimentas, é para se pensar”. Em tempo: a criação de um novo município implica em uma série de estudos e aprovações, além da consulta à população local, para garantir que a criação seja viável e que atenda às necessidades da região. Um processo como estes em Guarulhos parece praticamente inviável.