Novos dados divulgados na manhã desta quinta-feira, 9, pelo Banco Central revelam que os custos relacionados à inadimplência cresceram e, como consequência, as instituições financeiras aumentaram o chamado spread bancário no ano passado. No crédito livre, 55,3% do spread foi usado para pagar os custos relacionados aos calotes. Já a fatia destinada ao lucro dos bancos, ao contrário, caiu no ano passado.
O relatório divulgado nesta quinta indica que bancos aumentaram o spread bancário no ano passado basicamente para cobrir perdas com a inadimplência. A decomposição calculada pelo BC revela que o calote foi o único item entre os cinco detalhados que teve aumento na participação nessa margem cobrada dos clientes nos empréstimos e financiamentos. Todos os outros quatro itens – lucro, impostos, compulsório e custos administrados – tiveram queda em 2016.
Nas operações de crédito livre – aquele sem destinação específica – com juros pré e pós-fixado, a participação da inadimplência na composição do spread subiu de 46,66% em 2016 para 55,30% no ano passado. Esse é o maio patamar da tabela divulgada pelo BC com dados desde 2011. O número é bem superior à média de 46,51% observada entre 2011 e 2016.
Por outro lado, todas as demais variáveis tiveram queda na composição do spread. A participação do lucro recuou de 29,24% para 24,73% de um ano para o outro, os impostos caíram de 19,49% para 16,48%, o custo administrativo cedeu de 1,97% para 1,79% e as despesas relacionadas ao compulsório, subsídios cruzados, encargos fiscais e Fundo Garantidor de Crédito diminuíram de 2,64% para 1,70%.
Com esse cenário, o spread médio do crédito livre pré e pós fixado subiu de 29 pontos porcentuais em 2015 para 35,19 pontos no ano passado – patamar bem superior à média de 26,16 pontos observada entre 2011 e 2016.
O mesmo fenômeno de maior peso da inadimplência foi visto em outros segmentos. Quando observado apenas o crédito livre pré-fixado – maior mercado dos financiamentos para pessoas físicas – a fatia do calote na composição do spread subiu de 36,72% para 39,95% no período. O lucro, ao contrário, caiu de 35,59% para 34,02%. Nesse segmento, o spread médio praticado no ano passado ficou em 48,05 pontos, bem acima dos 40,62% observados no ano anterior e da média histórica de 35,02 pontos.
Quando observado todo o mercado – com crédito livre e direcionado e nas operações com juros pré e pós-fixados, o fenômeno do maior peso do calote também se repete. A fatia da inadimplência no spread global subiu de 54,41% para 63,20%, enquanto a participação do lucro caiu de 25,23% para 20,93%. Na média, o spread do crédito livre e direcionado nas modalidades pré e pós subiu de 18,52 pontos em 2015 para 21,80 pontos em 2016.