Em 2015, o Brasil viu a fuga de 2 mil fortunas de pessoas com ativos superiores a US$ 1 milhão. Os dados foram apresentados pela consultoria Knight Frank Research, que mapeia o mercado de multimilionários no mundo.
Se por uma década o Brasil foi uma das estrelas no mundo do luxo por gerar uma expansão importante de milionários, os dados mostram que essa tendência não será mantida nos próximos dez anos. Na avaliação dos pesquisadores, a expansão de 47% entre os ricos com mais de US$ 30 milhões no Brasil de 2006 a 2016 será cortada pela metade, para 20%, na próxima década por conta da “turbulência política e da migração de ultrarricos”.
Entre 2006 e 2015, o número de milionários no Brasil passou de 105 mil para 180 mil. A conta inclui as fortunas acima de US$ 1 milhão. Mas, entre 2015 e 2016, o País perdeu mais de 25 mil deles, sendo que uma parte migrou e outra assistiu a perda de seus ativos. A previsão é que os níveis de 2015 voltarão a ser atingidos apenas em 2026.
Considerando as fortunas de mais de US$ 30 milhões, a década anterior também havia registrado um salto inédito. As pessoas nessa classificação passaram de 1,4 mil para 2,4 mil entre 2006 e 2015. Esse número caiu com a crise para 2 mil pessoas. Até 2026, a taxa deverá voltar a 2,4 mil. Já entre aqueles com mais de US$ 100 milhões, o número saltou de 277 para 473 em dez anos, mas diminuiu para 407 em 2016.
A maior concentração de milionários brasileiros, segundo o levantamento, está em São Paulo, com 64,5 mil. Apesar de o número colocar a cidade paulista entre as 20 maiores do mundo, ele ainda é substancialmente menor do que o de líderes do ranking: Londres e Nova York, com, respectivamente, 357,2 mil e 339,2 mil milionários. Na América Latina, a Cidade do México ocupa o primeiro lugar, com 86,7 mil. No Rio de Janeiro, são 35 mil milionários.
No caso de São Paulo, o número de milionários com mais de US$ 30 milhões também recuou com a crise, um encolhimento de 14%. Até 2026, a previsão é de uma nova expansão de 20%. Hoje, a cidade tem 950 habitantes que se enquadram nesse perfil.
O estudo destaca ainda que o Brasil está entre os três países em que é mais comum milionários terem aviões privados para se locomover são 786 aeronaves particulares, um incremento de 90% na comparação com 2006. Estados Unidos e México são os únicos com frotas maiores, com 12,7 mil e 950, respectivamente.
No mundo. A desaceleração no crescimento do grupo de “ultrarricos” (com mais de US$ 30 milhões) segue uma tendência global. O Vietnã, a Índia e a China, que apresentaram as maiores expansões de 2006 a 2016, também terão suas taxas reduzidas. No casa do Vietnã, por exemplo, deverá cair de 320% para 170% no período entre 2016 e 2026.
Entre os poucos países que serão exceções estão a Rússia, cuja taxa de crescimento passará de 31% para 60%, a África do Sul, de 8% para 30%, e o Reino Unido, de 28% para 30%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.