A chamada indústria 4.0, que integra tecnologias de robótica, inteligência artificial e “internet das coisas” – máquinas conversando entre si sem a interferência humana – soa como uma realidade muito longe do País – mas já arrisca seus primeiros passos. Alguns polos têm se destacado na tarefa de trazer a indústria brasileira, que amarga entraves e luta contra a baixa produtividade, para o século 21.
O modelo, também chamado de manufatura avançada, vem sendo aprimorado em diversas regiões pelo mundo e é apontado como o grande trunfo para garantir a competitividade da produção nos próximos anos. A missão de inserir o Brasil nessa agenda é a ambição dos 21 Institutos Senai de Inovação espalhados pelo País.
“Queremos aumentar a produtividade e a competitividade da indústria brasileira, com a criação de soluções inovadoras para empresas de grande, médio e pequeno porte, já que, atualmente, 70% do que é investido em inovação fica na universidade”, afirma Marcelo Prim, gerente executivo de Inovação e Tecnologia do Senai.
A ideia é fazer a ponte entre a academia e a indústria por meio de pesquisa aplicada: via editais de inovação ou por investimento próprio, que as empresas firmem parcerias para usar os laboratórios de ponta e a expertise da equipe dos institutos para criar uma solução, que pode ser um produto, um processo, um software. “A indústria 4.0 mudará tudo à nossa volta, e a agenda macroeconômica precisa estar ligada com a política industrial”, diz o diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Rafael Lucchesi.
Desde 2013, os Institutos Senai de Inovação já desenvolveram 339 projetos, sendo pouco mais de 10% deles na área de manufatura avançada. Um desses casos foi um robô para inspecionar dutos de combustíveis de aeronaves, desenvolvido pela empresa UpSensor em parceria com os Instituto Senai de Inovação em Polímeros, em São Leopoldo (RS), e o de Sistemas Embarcados, em Joinville (SC).
Com compressão de ar, o robô vasculha os dutos à procura de irregularidades. “Ele pode ser usado em dutos que ficam embaixo dos aeroportos, que precisam ser inspecionados uma vez ao ano para verificar se estão com corrosão ou vazamento”, diz o empresário Ivan Boesing, da UpSensor. No projeto, foram investidos R$ 1,6 milhão.
Já o instituto especializado em Tecnologias Minerais, em Belém (PA), criou com a empresa Urizen um game que usa realidade virtual para preparar o trabalhador a se comportar em ambientes de risco, como minas de extração de minérios. O simulador, no qual foram investidos R$ 230 mil, já está sendo testado por uma grande mineradora e deve chegar em breve ao mercado.
O Instituto de Eletroquímica, em Curitiba (PR), está desenvolvendo com a Eletran uma bateria de lítio-ar, com capacidade 100 vezes superior às atuais de íons lítio, utilizadas em celular. O instituto também trabalha em parceria com outra empresa na tecnologia self-healing, como uma tinta que se autorregenera após um dano mecânico, como um risco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.