No dia em que os servidores reuniram mais de duas mil pessoas para a assembleia, que determinaria a continuidade ou não da greve que já durava uma semana, o STAP (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública) conduziu a assembleia realizada nesta tarde na frente da entidade no Centro para suspender o movimento, que cresceu muito além do esperado e chegou ao ápice nesta segunda-feira.
A votação se deu depois de vários discursos de sindicalistas e líderes dos servidores que induziram o público, que foi diminuindo até a decisão, a optarem pela suspensão. O curioso é que praticamente nada do que era reivindicado foi conquistado.
O governo Lucas Sanches não apresentou qualquer proposta superior aos 2% de reajuste na audiência de conciliação realizada nesta tarde pelo Tribunal de Justiça. No entanto, os diretores do STAP se deixaram seduzir por um conjunto de argumentos que, de fato, não representaram qualquer conquista. O presidente da entidade, Pedro Zanotti, que se perpetua no cargo há vários mandatos sem conseguir conquistas reais para a categoria, abriu os trabalhos dizendo que estava muito feliz, apesar de não obter nada para os servidores mais uma vez.
Na quarta-feira passada, o GWeb antecipou que o movimento, apesar de fugir ao controle do STAP e superar as expectativas tanto do governo Lucas como dos sindicalistas, estava com os dias contados. Era para ter terminado na sexta-feira, mas as partes preferiram levar a decisão para esta segunda-feira. Em pronunciamento nas redes sociais, na quinta-feira, abatido, o prefeito Lucas Sanches insistiu que não avançaria além dos 2% e pediu a compreensão da categoria. Afirmou naquele momento que a folha de pagamento chegou perto do teto. Ou seja, havia alguma margem para negociação. Isso o levou a articular um possível aumento no índice. Porém, a ideia foi rechaçada por sua base de apoio na Câmara Municipal, já que 23 vereadores foram obrigados a aprovar somente 2%.
Nota publicada na coluna Conectado na quarta-feira
O maior argumento usado pelos sindicalistas para convencer os servidores é que a Prefeitura se comprometeu durante a conciliação a não descontar os dias parados caso eles voltassem ao trabalho imediatamente. Também aceitou voltar a negociar sobre os índices de “periféricos”, como vale-alimentação e vale-refeição e aumentar os salários dos cerca de 1.500 trabalhadores braçais que ganham menos de um salário mínimo. Toda a categoria é formada por cerca de 23 mil servidores. Ou seja, os demais 21.500 terão que aceitar os 2% impostos por Lucas sem reclamar.
Em comunicado publicado em seu site, o STAP comemora a decisão tomada pela maioria absoluta dos servidores presentes na assembleia. “Apesar de suspensa, as negociações continuam por mais 20 dias e os grevistas terão abonados os oito dias de paralisação, que não serão descontados da folha de pagamento. Pedido específico feito pelo presidente do Sindicato Pedro Zanotti Filho”, diz a nota.