As fabricantes de automóveis Volkswagen e a Fiat, além da MAN, montadora de caminhões, e a CNH Industrial, que produz tratores e também caminhões, relatam não terem alterado planos de ampliar as exportações, entrando até em novos mercados, depois que o dólar inverteu a curva de valorização sobre o real. “O dólar é uma variável incontrolável. Então, procuramos depender menos do que não podemos controlar”, afirma Roberto Cortes, presidente da MAN, onde a meta é, em três anos, aumentar de 15% para mais de 30% a parcela da produção dedicada a mercados internacionais.
Na mesma linha, Francesco Abbruzzezi, diretor de operações comerciais da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), diz que reavaliações nas estratégias de exportação vão depender mais da trajetória do câmbio no médio e longo prazo.
Representante de uma indústria que está aumentando o quanto pode as exportações para diminuir a ainda acentuada ociosidade das fábricas, a Anfavea, associação das montadoras, considera que o setor tem condições de competir no exterior mesmo se o dólar voltar para R$ 3,10. Por outro lado, a Abimaq, associação que abriga os fabricantes de máquinas e equipamentos, avalia que o impacto negativo já se nota na queda de 13% das exportações do setor de junho para julho.
Câmbio ideal
Na Fundação Getulio Vargas (FGV), um núcleo de estudos coordenado pelo professor Nelson Marconi se debruçou sobre o tema e constatou que o dólar teria que valer R$ 3,67 para que as exportações da indústria de transformação do Brasil tivessem a mesma rentabilidade obtida por concorrentes do exterior. “Esse é o câmbio que permitiria compensar a diferença de custo de trabalho em relação a outros países”, afirma Marconi.
Outra pesquisa, feita pelo Bradesco a partir das repostas de aproximadamente 4 mil empresas, coloca em R$ 3,61 a taxa de câmbio que, na média, permitiria uma competitividade mínima em 21 setores da economia brasileira. A resposta sobre qual patamar de câmbio viabiliza as exportações varia, não apenas de um setor a outro, mas também entre as empresas que participam de um mesmo segmento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.