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Por uma guarda civil mais próxima das comunidades

O “massacre do Realengo”, ocorrido na semana passada, nos enche de tristeza e dor. Diante das mortes de 12 adolescentes, vítimas de uma mente insana a sociedade, sem conseguir identificar culpados, sai bradando por soluções. Por mais que seja praticamente impossível acreditar que a tragédia pudesse ser evitada, episódios como estes servem, ao menos, para que olhemos à nossa volta para percebermos quão frágeis são nossas defesas.


As escolas de ensino básico e fundamental, que deveriam ser tratadas como verdadeiros templos do saber, há muito estão deterioradas, invadidas por marginais, tornando-se portas de entrada para a comercialização de drogas e bebidas, além de servirem de palco para todo tipo de violência. Por mais que se queira imputar ao Estado o dever de cuidar desses estabelecimentos, o Município peca ao jogar adiante algo que deveria ser de sua alçada.


Neste sentido, vale uma reflexão sobre o verdadeiro papel de nossas guardas municipais. Será que elas estão cumprindo suas funções primárias junto à comunidade ou vêm se tornando uma nova polícia armada, que acaba por competir, no pior sentido da palavra, com as organizações militares?


Uma professora que lecionou tempos atrás na escola do Realengo, escreveu uma carta após o massacre, sobre seu ponto de vista em relação à tragédia. Dizia em um trecho: “não queremos uma escola que se assemelhe a uma penitenciária, com detectores de metais e policiais armados à porta. Mas precisamos de um elemento que exerça algum tipo de autoridade e que nos ajude a lidar com essas ocorrências. Penso que, se houvesse um guarda municipal, que não porta armas letais, durante o expediente, nossos problemas com indisciplina e atos violentos entre os alunos seriam reduzidos”.


Simples. Trata-se de um resumo do que se espera de nossas guardas municipais em relação às escolas. Nada demais. Nada de sair à caça de bandidos, papel das polícias Civil e Militar. Nada de intimidar a população por meio de armas de fogo, que muitos mal sabem utilizar. Muitas vezes, e as pessoas não se dão conta disso, as soluções estão na simplicidade dos atos. Enquanto se optar pela militarização dessas guardas, o desvio de função se tornará mais flagrante ainda. Pior: muitas vidas que poderiam ser economizadas se perderão.


 


Carlos Roberto de Campos


Empresário e presidente do Diretório Municipal do PSDB, escreve às sextas-feiras

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