Economia

Queda do juro básico deixa a poupança mais atraente

O ciclo de queda da Selic este ano causou um forte impacto no retorno da carteira de investimentos do brasileiro. Com o corte de 0,50 ponto porcentual da taxa básica de juros, para 7% ao ano, a rentabilidade de boa parte dos ativos de renda fixa, que antes eram sinônimo de ganho fácil, passou a ficar parecido com o da poupança. Já produtos como Tesouro Selic, CDBs e fundos DI com taxas de administração mais salgadas, passaram até a perder da caderneta, incentivando o investidor mais conservador a se aventurar em produtos mais arriscados – justamente em ano de eleição.

Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), fundos de renda fixa com resgate de seis meses a um ano só ganham da poupança em rentabilidade quando a taxa de administração é menor que 1% ao ano. A poupança agora sai na frente desses produtos pois é isenta de Imposto de Renda (IR). Com a Selic igual ou abaixo de 8,5%, como é o caso atual, a remuneração da caderneta é a Taxa Referencial (definida pelo Banco Central) mais 70% da Selic.

Cálculos feitos pela professora de finanças e sócia da BSG DuoPrata, Betty Grobman, apontam que, descontado o IR, uma aplicação de R$ 10 mil no Tesouro Selic – título público cujo rendimento é atrelado à Selic – renderia em um ano 5,43% -, perdendo para a poupança, que daria ao investidor um retorno de 5,58% no mesmo período. Os fundos de renda fixa DI – que seguem o CDI, taxa que anda de mãos dadas com a Selic – que cobrem 1,15% ao ano de taxa de administração teriam retorno de 5,23% – e também perderiam para a caderneta de poupança. Para o cálculo do fundo DI, foi considerado o retorno médio (92% da taxa DI) de fundos com aplicação inicial mínima a partir de R$ 10 mil, levanto em conta os quatro maiores gestores.

Os retornos dos investimentos mais conservadores ficam mais atrativos quando se tratam de produtos de bancos menores – que, por apresentarem mais risco, oferecem um ganho maior, com rendimento acima de 100% do CDI. No entanto, para a salvaguarda do investidor, esses papéis contam com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que cobre até R$ 250 mil por CPF e por instituição bancária em caso de calote.

“O dinheiro aplicado em Tesouro Selic, CDBs e fundos que seguem a Selic serão o dinheiro para o dia a dia. Não é para investir, é só para emergência”, diz Valter Police, planejador financeiro pela Planejar. Para obter retornos maiores, o investidor, segundo ele deveria partir para papéis mais arriscados, como Bolsa, fundos de ações e multimercado – que misturam em um mesmo pacote renda fixa, ações e moedas.

Para o próximo ano, segundo analistas, não haverá muita novidade na Selic. O mercado espera pela manutenção da taxa básica em torno de 6% ao ano até dezembro de 2018.O mesmo já não ocorre com a inflação, que pode ficar acima de 4% e pressionar o juro real a ficar abaixo de 2%, dando fôlego para o investidor migrar para aplicações de risco, mesmo com um dos juros maiores do mundo.

Incertezas. Apesar de a Bolsa ser o investimento de maior retorno – com avanço de 21,65% no ano, Jason Vieira, economista da Infinity Asset, acredita que o grande desafio será investir em um cenário ainda muito incerto. “Não temos nem candidato ainda. O único nome dado como certo é o Bolsonaro. Esse nível de incerteza é um grande complicador”, diz.

O economista acredita que pode haver ganhos até metade do ano, enquanto os candidatos são definidos. “Não é para o investidor perder o timing de entrar na Bolsa, mas tem que saber o tempo de sair.” Com a incerteza, segundo Vieira, o mais natural é o investidor migrar para fundos multimercado, considerados como a porta de entrada para a renda variável. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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