Meio Ambiente

Telhados verdes

Um dos grandes problemas nos centros urbanos – devido à urbanização e conseqüente impermeabilização do solo – é a criação de ilhas de calor

Na Capital de São Paulo temos diferença de 6º C entre a avenida Paulista e a Serra da Cantareira, aqui em Guarulhos. A ilha de calor está, cada vez mais, invadindo a nossa cidade. Em recente discussão sobre o assunto, no CREA-SP, levantou-se a hipótese de se sugerir que alguém faça um projeto de lei para a obrigatoriedade dos telhados verdes.


Esta é uma solução para resolver este problema e está sendo feito nos países desenvolvidos, principalmente na Alemanha. Os telhados verdes são planos e lá são plantadas gramas, plantas e até hortaliças para alimentação.


Tive a oportunidade de conversar com o dr. Walter Kolb, que pesquisa o assunto há 25 anos, em Hannover, na Alemanha. Ele mostrou as pesquisas, que indicam diminuição dos custos de energia da ordem de 30% na época de calor na residência que usa telhado verde. Inclusive informou que já estavam usando alguns telhados verdes para plantar legumes. Nos Estados Unidos, isto se chama agricultura urbana, e alguns restaurantes fazem a colheita dos legumes nos próprios telhados e o servem nos pratos bem fresquinhos.


Performance


Os telhados verdes diminuem a temperatura do telhado no verão em mais de 40% reduzindo, assim, o consumo de energia com o esfriamento da casa. Cidades como Stuttgard, Cologne, Dusseldorf e Hamburg usam muito os telhados verdes. Há mais de 25 anos.


Os telhados verdes reduzem, também, os efeitos danosos dos raios ultravioleta, os extremos de temperatura e os efeitos do vento no telhado. Nos telhados verdes a temperatura não passa de 25º C enquanto o telhado convencional pode chegar a 60º C. Os telhados verdes podem reter de 15% a 70% das águas pluviais, reduzindo, com isto, os picos de enchentes.


Os exemplos mais antigos de telhados verdes são os famosos jardins suspensos da Babilônia.


No Brasil, em 1936, no prédio do MEC foi construído pelo arquiteto Roberto Burle Marx, que acompanhava na época Le Corbusier, que executou em 1988 o telhado verde no  Banco Safra em São Paulo. Em 1992 a arquiteta Rosa Grená Kliass e Jamil Kfouri projetaram os jardins do Vale do Anhangabaú em São Paulo.


Lembremos que a dra. Rosa trabalhou em Guarulhos junto com o dr. Jorge Wilhein na elaboração do primeiro plano diretor de Guarulhos em 1968 feito pelo prefeito Waldomiro Pompêo.


Esquema do telhado verde


O telhado verde se compõe de varias camadas desde as plantas até a estrutura do prédio.


Custos


Os custos dos telhados verdes variam de 1/3 a 1/2 do custo da estrutura sem a vegetação e varia de US$ 80/m2 a US$ 150/m2. Existem cidades que incentivam o uso de telhado verdes com descontos de impostos, ajuda financeira e diminuição de impostos.


Membranas para evitar vazamentos


O telhado deve ser resistente à infiltração das raízes e de vazamentos de água. A declividade mínima deve ser de 1,5%. Deve ser tomado cuidado com o sistema de drenagem.


Materiais


As plantas devem ser resistentes às secas, ao calor e deve ter características típicas e devem ser muitas bem escolhidas.


Manutenção


Deve ser sempre feita a manutenção.


Vegetação intensiva e extensiva


A vegetação escolhida poderá ser uma grama simples ou a colocação de plantas de maiores dimensões daí o termo intensivo (plantas altas) e extensivo (grama).


 


*Plínio Tomaz, 66, é engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP, ex-superintendente e diretor do SAAE, e ex-funcionário do Ministério das Minas e Energia. Atualmente, é conselheiro do CREA-SP, diretor de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da ACE-Guarulhos, coordenador do projeto de norma da ABNT para aproveitamento da chuva e assessor especial de meio ambiente da OAB-Guarulhos.


 


 

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